Ciência
19/01/2022 às 07:00•3 min de leitura
Há 40 anos, falecia de maneira precoce, aos 36 anos, Elis Regina, vítima de overdose por álcool e comprimidos. Poucos nomes são tão incontornáveis na música brasileira quanto o dela. Natural de Porto Alegre, virou um meteoro da MPB aos 18 anos e gravou músicas que marcaram gerações, especialmente pela maneira ímpar de suas interpretações — a crítica internacional se referia a ela como "a nova Ella Fitzgerald".
Em 19 de janeiro de 1982, uma comoção tomou conta de todo o Brasil. Quando a notícia de sua morte se espalhou, as imediações do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo ficaram cheias de repórteres, amigos, parentes, artistas e fãs. Elis Regina era uma artista plural, progressista e muito sensível à realidade do Brasil.
(Fonte: Escotilha)
O corpo de Elis Regina foi velado no antigo Teatro Bandeirantes, localizado na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na capital paulista. Uma multidão de fãs se aglomerou dentro do teatro e nas quadras da avenida, tentando oferecer o último adeus à cantora.
Um cortejo acompanhou o corpo da "Pimentinha", como Elis também era conhecida, até o Cemitério do Morumbi, local onde foi enterrada. O emocionante percurso pelas ruas e avenidas de São Paulo só encontra equivalente no cortejo feito pelo corpo de Ayrton Senna.
(Fonte: Veja Rio)
O legado deixado por Elis Regina na música brasileira é enorme. Considerada por boa parte da crítica especializada como a maior voz feminina do Brasil, Elis dividiu o microfone com outros nomes importantes da história de nossa música popular, como Chico Buarque e Tom Jobim.
Nenhuma outra artista soube tão bem captar a essência de seu tempo e empregá-la em suas interpretações, tampouco outra voz foi capaz de se reinventar tanto na carreira, transitando por diferentes gêneros. A Pimentinha cantou samba, bossa nova, pop, blues, folk, sertanejo e em todas elas "deixou seu DNA".
Em um período que não existia a internet, seus vídeos ficaram como registro para as novas gerações. No YouTube, por exemplo, já superaram a marca de 1 bilhão de visualizações, um marco sem precedentes para uma artista falecida há 40 anos.
Elis e as canções que interpretou se tornaram uma coisa só. Virou fenômeno entre youtubers estrangeiros que gravam vídeos fazendo reação e análise de músicas e videoclipes. O consenso entre eles é o mesmo que entre os fãs de Elis Regina: ela é genial, mesmo depois de 40 anos.
(Fonte: Folha de São Paulo)
Além de três filhos e inúmeros fãs, Elis deixou para o mundo 30 discos. Ela faleceu no auge de seu sucesso, apenas 3 meses após assinar um contrato com a Som Livre.
A potência de sua voz e os inúmeros recursos técnicos que tinha são marcantes, ao ponto de terem-se tornado quase um estilo — inclusive, não são raras as artistas acusadas de tentar "imitar" o canto de Elis.
Parcerias como as feitas com Belchior, Chico Buarque e Tom Jobim são as mais belas da história da música cantada em português. Suas versões de "Se eu quiser falar com Deus" (Gilberto Gil), "Atrás da Porta" (Chico Buarque) e "Romaria" (Renato Teixeira) são algumas das obras-primas feitas pela artista.
(Fonte: Bossa Jazz Brasil)
O público brasileiro já teve oportunidade de ver a cinebiografia da artista, posteriormente transformada em uma minissérie na TV Globo. No início deste mês, mais novidades chegaram. Essa Saudade, álbum com faixas raríssimas, foi lançado — a versão física esgotou nas lojas, mas você pode ouvi-lo nos serviços de streaming.
Destaque para faixas como "Bolero de Satã" (dueto com Cauby Peixoto) e "Pequeno Exilado" (fora de catálogo desde os anos 1980). Ao longo do ano, novos documentários serão lançados. Elis também ganhará um musical, além de se tornar personagem de uma história em quadrinhos.