Domingo Sangrento: 50 anos do mais violento atentado irlandês

29/01/2022 às 13:002 min de leitura

Você provavelmente conhece a música Sunday bloody sunday, hit da banda irlandesa U2. Mas o que você talvez não saiba é que a canção se baseia em um episódio real da história da Irlanda. O “Domingo Sangrento”, ou Massacre de Bogside, ocorreu no dia 30 de janeiro de 1972 e envolveu a reação da polícia a um protesto na cidade de Derry, na Irlanda do Norte. A repressão deixou 13 civis mortos e 14 feridos.

Os manifestantes, nesse dia, estavam fazendo uma passeata contra a prisão sem julgamento de pessoas suspeitas de pertencerem ao Exército Republicano Irlandês (IRA), vertente paramilitar terrorista que lutava contra a influência britânica na Irlanda). Esta manifestação foi reprimida severamente e se tornou um símbolo dos excessos desmedidos cometidos pela polícia.

O que levou ao Domingo Sangrento

(Fonte: The Times)(Fonte: The Times)

No dia 30 de janeiro de 1972, cerca de 15 mil pessoas marcharam por Derry para lutar em defesa dos direitos humanos. Mas para entender os acontecimentos deste dia, é preciso analisar o que havia ocorrido antes.

A Irlanda do Norte atravessava uma época de disputa entre dois grupos, católicos e protestantes, com ideologias opostas. De modo geral, os protestantes defendiam a permanência da Irlanda do Norte no Reino Unido; já os nacionalistas (na maior parte, católicos) reivindicavam a saída do país do Reino Unido. Dentro desta disputa, o IRA, que fazia resistência armada, era o mais violento grupo que brigava pela independência da Irlanda.

Cinco meses antes, em agosto de 1971, a Irlanda do Norte vivia um momento de violência acentuada, incluindo a explosão de bombas. Por isso, uma lei dando às autoridades o direito de prender as pessoas sem julgamento foi promulgada com o argumento de que esta seria a única maneira de restaurar a ordem.

A população irlandesa resiste

(Fonte: All that's interesting)(Fonte: All that's interesting)

Tendo em conta os meses de abusos contra civis, uma marcha foi organizada rumo ao centro da cidade de Derry. No entanto, as barricadas do exército irlandês impediram a caminhada. Os manifestantes então foram aconselhados a desviar da rota e dirigir-se à praça Free Derry Corner. A população se dividiu em dois caminhos — algumas pessoas foram pela praça e outras seguiram pela rua William, onde estavam as tropas britânicas.

Não se sabe onde começou o conflito exatamente. Há relatos dos militares britânicos dizendo que as tropas foram recebidas a tiro; porém, nenhuma arma foi encontrada no local. Os civis começaram a reagir à repressão com pedras, e a polícia atirou com balas de borracha, gás lacrimogênio e canhões de água.

Até que a polícia, por fim, começou a atirar. De acordo com a perícia realizada na época, 21 soldados dispararam suas armas. Após 25 minutos, o conflito já totalizava 13 mortos e 14 feridos (um, inclusive, morreu depois por conta dos ferimentos).

Consequências do 30 de janeiro de 1972

(Fonte: All that's interesting)(Fonte: All that's interesting)

Os assassinatos ocorridos durante o que se chamou de “Domingo Sangrento” repercutiram no mundo todo, e gerou uma nova onda de protestos por toda a Irlanda. Três dias depois, em 2 de fevereiro, a embaixada britânica em Dublin foi queimada.

O episódio serviu para acirrar ainda mais os ânimos dos nacionalistas irlandeses, representados pelo IRA. Em julho de 1972, o IRA explodiu 20 bombas em Belfast, matando militares britânicos, mas também civis.

Os conflitos só aumentariam nos próximos 25 anos. O IRA só terminaria em 2005, quando anunciou o fim de sua luta armada e fez a entrega de suas armas. Mesmo assim, anos depois, alguns atos terroristas foram atribuídos ao grupo.

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