Ciência
31/01/2022 às 08:00•3 min de leitura
Buster Keaton foi considerado um dos maiores nomes de sua era. Em Hollywood, o artista fez de tudo um pouco: trabalhou como ator, comediante, produtor, roteirista e até mesmo dublê. Inclusive, seu nível de comprometimento com a sétima arte era tamanho que podemos continuar julgando-o como um dos atores mais influentes no século XXI — 56 anos após a sua morte.
Inclusive, grandes nomes do cinema contemporâneo, como os renomados Oscar Issac e Adam Driver ou a brilhante Awkwafina, são sinais de que a memória de Keaton ainda permanece pelos bastidores do mundo do cinema. Então, vamos conhecer mais do que esse incrível artista representa para os filmes de hoje!
(Fonte: CBS Films/Reprodução)
Durante sua época, Keaton foi julgado como um ator muito contido e por vezes "sem expressividade". Entretanto, a riqueza de sua arte estava nos detalhes. Inclusive, sua técnica de atuação é tão marcante que hoje nós temos o hábito de valorizarmos artistas que conseguem entregar cenas mais próximas da realidade em vez de atuações extravagantes demais.
A abertura de O Homem das Novidades (1928), no qual Buster aspira a ser um cinegrafista de noticiário para impressionar uma garota, é um exemplo disso. Enquanto uma multidão animada se reúne para ver o casamento de dois famosos, o personagem dele está em uma confusão, esmagado contra a mulher que conquistará seu coração. Mesmo assim, ele permanece sendo uma visão de calmaria no meio do caos.
A calma exterior em meio ao desespero emocional é algo que também podemos ver em Oscar Isaac em Inside Llewyn Davis — Balada de Um Homem Comum (2013), extremamente aclamado pelos críticos de cinema. Inclusive, o ator chegou a revelar em um podcast após a premiação que a inspiração de seu personagem havia sido Buster Keaton no que ele descreveu como uma "comédia de resiliência."
(Fonte: Rahy Productions/Reprodução)
Quando analisamos a totalidade de seu trabalho, podemos dizer que Keaton era um mestre da tragicomédia. Algo que similarmente moveu o trabalho de Awkwafina em A Despedida (2019), filme que conta a história de uma jovem chinesa que precisa carregar o fardo de manter um segredo de sua vó, a qual só tem só mais algumas semanas para viver.
Logo, a personagem de Awkwafina, que se mostra uma pessoa alegre e extrovertida no início da trama, precisa aprender a controlar seus sentimentos. Diferente de Isaac e Keaton, esse é um trabalho que exigiu da jovem atriz asiática a capacidade de se adaptar a diferentes formas de um único personagem — ao contrário da feição imutável.
Entretanto, o astro do cinema mudo já havia feito algo parecido em Sherlock Jr. (1924), quando seu personagem lê um manual sobre como ser um detetive para poder replicar esses gestos ou quando ganha um momento só com a pessoa de seu interesse amoroso no cinema e precisa olhar para tela para aprender como as pessoas beijam. Ao todo, Keaton sempre deu aulas sobre como um único personagem pode se adaptar em diversos cenários.
(Fonte: Netflix/Reprodução)
Por fim, um traço marcante de Keaton e pouco lembrado pelas pessoas era como suas performances no cinema eram bastante "atléticas", com uma entrega física e emocional significativas. Parecido com isso, podemos ver o trabalho de Adam Driver em História de um Casamento (2019), em que doses de humor se unem a um homem firme e de grande expressividade corporal.
Em outras oportunidades, como na atuação mais parada de Os Mortos Não Morrem (2019), Driver segue mostrando ter traços de Keaton em seu repertório. Nesse ponto, o astro hollywoodiano sempre foi bom: sua simplicidade podia ser desdobrada em diversas características únicas e que seguem moldando grandes astros até hoje no século XXI.
A carreira de Buster Keaton tomou outros rumos quando Hollywood preteriu o cinema mudo para dar mais espaço às novas tecnologias. Mesmo assim, ele sempre será lembrado como um ícone de toda uma geração e grande influenciador dos métodos de atuação.