Ciência
01/03/2022 às 04:00•3 min de leitura
Poucos rituais funerários tão antigos resistiram ao tempo, mas é o caso do nosso tema: a cremação. Na década de 1960, descobriu-se um registro arqueológico que indicava o exercício da prática há 20 mil anos.
Contudo, o consenso científico é que a cremação iniciou-se em uma região que compreende a Europa atual há cerca de 3000 a.C., durante o período conhecido como Idade da Pedra.
(Fonte: Greelane/Reprodução)
Durante a era micênica, na Grécia Antiga, a técnica se tornou parte do elaborado ritual funerário grego, chegando a ser o modo predominante durante o período de Homero. Já os romanos teriam começado a fazer uso da técnica por volta de 600 a.C., sendo amplamente praticada até por volta do século V.
Urnas decorativas de cerâmica foram encontradas com evidências do ritual sendo praticado por povos eslavos. Próximo ao ano 1000 a.C., essa técnica passou a se espalhar pelo continente europeu, especialmente na península Ibérica e Ilhas Britânicas. Contudo, a cristianização do período fez com que a cremação deixasse de ser praticada até o início do século XX.
A cremação como a conhecemos é recente, sendo feita há pouco mais de 100 anos. O primeiro registro de uma câmara de cremação moderna é da Itália, em 1873. Já os primeiros crematórios, criados na Inglaterra e Alemanha, datam de 1878. Nos Estados Unidos, estimativas apontam que as cremações devam se tornar predominantes até 2030, quando mais de 70% das disposições finais utilizarão este método.
(Fonte: Reprodução/Mega Curioso)
A cremação é um processo em que o corpo de uma pessoa morta é incinerado. Essa é uma técnica feita de forma rápida e considerada higiênica, pois contribui com a redução da necessidade que mais terrenos sejam destinados à criação de cemitérios.
De maneira simplificada, um corpo é cremado da seguinte maneira: o corpo chega ao crematório, onde é colocado em uma plataforma chamada catafalco para que os amigos e conhecidos possam prestar as últimas homenagens. Ao fim do velório, inicia-se o processo de cremação com o armazenamento dos restos mortais em câmara fria por ao menos 24 horas.
Após isso, o corpo é limpo e vestido com roupas simples. Os que passaram por velório são embalsamados, o mesmo valendo para clientes que desejam seguir com rituais de tradições religiosas específicas. Na hora da cremação, joias, dispositivos médicos (como marcapassos) e membros artificiais são removidos e devolvidos às famílias. Na sequência, o corpo é levado ao forno crematório, onde é incinerado em temperaturas que entre 850 °C e 1.200 °C.
Ao final da cremação, as cinzas e fragmentos ósseos passam por um processo de resfriamento e moagem, para garantir que não restem pedaços grandes. Somente ao final das etapas deste processo é que a família recebe as cinzas. Todo o ritual é feito de maneira individual, isto é, cada corpo é identificado e incinerado isoladamente para que não haja contato com restos mortais de outras pessoas.
(Fonte: Lars Tunbjörk/Time/Reprodução)
Existem diferentes tipos de cremação, chamadas de categorias: a tradicional, a memorial e a direta. As principais diferenças dizem respeito ao preço, planejamento e cronograma do ritual.
A categoria tradicional funciona tal qual explicamos acima, ou seja, o serviço fúnebre é seguido do ritual de cremação. É o método considerado mais caro, pois o corpo permanece no espaço da prestadora de serviço para velório e visitação. Desta forma, é necessário incluir o custo do caixão e do embalsamamento (processo que substitui o sangue por uma solução de água e formol).
A técnica é igual à cremação tradicional, apenas com a não realização de um velório e visitação com a exposição do corpo. Isto é, o morto passa pela técnica após a morte e um serviço memorial é realizado em data posterior.
É a categoria com menor custo, isto porque o corpo é cremado logo após a morte também sem a realização de velório ou memorial. Além disso, não há necessidade de embalsamamento, aquisição do caixão e hospedagem do corpo. Essa categoria costuma ser a preferida de quem não tem à disposição muitos recursos.