Artes/cultura
14/03/2022 às 13:00•2 min de leitura
A expedição Endurance22, liderada pelo geógrafo John Shears, encontrou oficialmente os destroços do navio Endurance, naufragado no Mar de Weddell (Antártida) há quase 105 anos.
Segundo a equipe de exploradores, o achado histórico conclui uma das buscas mais desafiadoras da modernidade, com diversos pesquisadores enfrentando condições climáticas extremamente adversas em pouco mais de 388 quilômetros quadrados de área.
Iniciada há cerca de 2 semanas, a procura pelo Endurance contou com a participação de aventureiros, arqueólogos marinhos e técnicos, recrutados por meio de um projeto do diretor Mensun Bound, anteriormente responsável por identificar diversos outros naufrágios.
De acordo com a equipe, os destroços estavam localizados a aproximadamente 6,5 quilômetros ao sul da última localização registrada pelo capitão Ernest Shackleton (1874-1922) e pelo navegador Frank Worsley (1872-1943).
(Fonte: National Geographic / Reprodução)
Encontrado a quase 3 quilômetros de profundidade, o navio chamou a atenção pelo impressionante estado de preservação, ocorrido em grande parte pelas águas geladas, e ausência de organismos xilófagos.
As imagens, fotografadas por submersíveis de alta resolução da Falklands Maritime Heritage Trust, mostram mais detalhes da popa de madeira, assim como do convés e do casco.
(Fonte: National Geographic / Reprodução)
“Estamos impressionados com nossa boa sorte em ter localizado e capturado imagens do Endurance”, disse Bound. “Esse é de longe o melhor naufrágio de madeira que já vi. É vertical, muito imponente no fundo do mar, intacto e em brilhante estado de preservação. Este é um marco na história polar”, ele afirmou.
A busca pelo naufrágio custou mais de US$ 10 milhões (cerca de R$ 50 milhões, em conversão direta), fornecida por um doador anônimo. A expedição vem ocorrendo desde o início de fevereiro — quando foi iniciada a partir de um quebra-gelo sul-africano que deixou a Cidade do Cabo — e contou com inúmeras dificuldades, como adversidades climáticas, falhas técnicas e suspensão de operações.
(Fonte: National Geographic / Reprodução)
Segundo registros, mais de 60 pessoas participaram das buscas. O achado foi determinado como monumento histórico, sob os termos do Tratado da Antártida de 1959.
Ernest Shackleton deixou a Inglaterra com uma tripulação de 27 pessoas em 1914, com destino a uma baía no Mar de Weddell. A viagem foi planejada para ser a primeira tentativa de cruzar completamente o eixo antártico em uma época conhecida por grandes feitos na região, como as caminhadas do norueguês Roald Amundsen (1872-1928), que, em 1911, foi o primeiro a chegar ao polo, e de Robert Falcon Scott (1868-1912), um britânico que morreu cerca de 1 mês após alcançar o extremo do continente.
Considerado líder nato, Shackleton foi o principal nome em grandes operações de resgate e manobras acidentais, atravessando as traiçoeiras águas do Oceano Antártico e sendo aclamado como herói em seu país.
Porém, ao desbravar o espesso Mar de Weddell em 1915, o explorador viu uma poderosa corrente circular de gelo causar sua ruína, deixando-o à deriva à medida que o frio intenso o esmagava completamente ao lado dos outros tripulantes.
Preso a menos de 160 quilômetros de seu destino final, o Endurance acabou naufragando 5 meses após o acidente, levando consigo todos os membros da expedição e se extinguindo definitivamente dos anais da história.