Ciência
27/03/2022 às 11:00•3 min de leitura
A inspiração para a arte, muitas vezes, tem raízes misteriosas. Pois acredite: alguns artistas tiraram ideias para suas obras mais famosas de eventos tenebrosos que aconteceram pelo mundo.
É difícil saber se essas obras fazem pensar ou apenas perpetuam o sofrimento causado por estes episódios. De todo modo, preparamos esta lista para você também as conheça.
(Fonte: Smithsonian American Art Museum)
A escultura de bronze de Eric Fischl, Ten Breaths: Tumbling Woman II (2007-2008), mostra, aparentemente, algo óbvio: uma mulher caindo. Mas basta ler mais sobre a obra ou as declarações do artista para entender a sua verdadeira intenção.
Tumbling Woman II usa uma figura feminina para representar a dimensão humana da tragédia vivenciada em 11 de setembro de 2001, com o ataque terrorista da Al-Qaeda às Torres Gêmeas, em Nova York. Fischl explica: “nós assistimos, incrédulos e desamparados, naquele dia selvagem. As pessoas que amamos começaram a cair, desamparadas e incrédulas.”
Quando o ataque ocorreu, algumas pessoas que estavam dentro dos prédios pularam deles para evitar morrerem queimadas. Elas, obviamente, acabaram morrendo. Esta obra é bem sucedida no retrato do sofrimento humano passado por esses indivíduos.
(Fonte: Imperial War Museum)
Poucos acontecimentos banalizaram tanto a existência humana quanto o Holocausto perpetrado pelos nazistas contra os judeus. A pintura Human Laundry, criada pela artista Doris Clare Zinkeisen, em 1945, quer retratar justamente o horror deste episódio.
No quadro, vemos uma fila de mesas de madeira com várias pessoas, de aparência esquelética. Cada uma delas está sendo limpa por um homem ou uma mulher em uniforme branco, que as lavam com sabão e depois depositam a água em um balde.
Dois sujeitos no quadro têm uma posição diferente: não sabemos se eles estão trazendo uma pessoa ou removendo um corpo de alguém que morreu depois do sofrimento extremo de um campo de concentração.
Uma análise da obra diz que, na pintura, “Zinkeisen encontra um motivo eficaz no contraste entre os corpos arredondados e bem alimentados da equipe médica alemã e os corpos esqueléticos de seus pacientes”. Cada detalhe da obra é importante: observe, por exemplo, as posturas resignadas e mesmo indiferente das enfermeiras e o ar desesperançoso dos prisioneiros.
(Fonte: Chema Moya/EFE)
Aqui estamos diante de um dos quadros mais famosos da história da arte. A Guernica foi criada em 1937 pelas mãos do pintor espanhol Pablo Picasso. A obra evidencia a dor, a angústia, o pânico e a tristeza do povo espanhol por consequência do bombardeio ocorrido na cidade de Guernica, em 1937, durante a Guerra Civil Espanhola.
No quadro, vemos um touro, um cavalo, partes de corpos, rostos com expressões aterrorizadas, uma espada quebrada nas mãos de um sujeito quase morrendo, uma mulher que agoniza. Tudo no quadro expressa desespero e sofrimento.
O mural foi pintado a óleo em tons de preto, azul e branco. A falta de cores é intencional, pois remete às consequências do bombardeio na vida daquela população após a tragédia.
(Fonte: Museo Dolores Olmedo Patiño)
Frida Kahlo pintou o quadro A coluna partida em 1944, logo após ter passado por uma cirurgia na coluna cerebral, que a deixou acamada e presa a um espartilho metálico. Frida sentia dores intensas nas costas e no resto do corpo por conta de ter sofrido poliomelite na infância e, depois, por ter se envolvido em um acidente de ônibus terrível em que fraturou vários ossos.
No quadro, ela retrata a si mesma. Está de pé em meio a uma paisagem árida. Seu tronco está envolvido por faixas que impedem a ruptura do seu corpo, pois seu torso está aberto. Um pilar quebrado substitui sua coluna vertebral, e seu rosto está banhado em lágrimas. O corpo está cravado com pregos.
Por mais que essa obra represente o sofrimento da artista, ela tem elementos impressionantes. Note, por exemplo, que por mais que chore, seu rosto não expressa dor. Na verdade, sua expressão é forte e desafiadora. Ao ser perguntada por que se retratava em seus quadros com tanta frequência, Frida respondeu que era porque estava sempre sozinha e se conhecia melhor que qualquer um.