Ciência
29/03/2022 às 06:30•3 min de leitura
Máscaras e distanciamento social. Essas foram as medidas de segurança determinadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quando o diretor geral, Tedros Adhanom, elevou o status dos surtos mundiais de covid-19 como pandemia, em 11 de março de 2020.
Esses métodos de prevenção, os mesmos usados durante a Gripe Espanhola de 1918 — ainda que de maneira muito rudimentar pela falta de aprofundamento científico — deveriam prevenir que mais pessoas fossem infectadas e acabassem morrendo. Ainda assim, isso não impediu que até então cerca de 6 milhões de pessoas morressem com a doença, tanto por sua letalidade quanto pelo mau gerenciamento de muitas pessoas dos protocolos de segurança — sem contar a administração equivocada de muitas autoridades governamentais.
Apenas 10 meses foram o suficiente para a criação dos imunizantes contra a covid-19, que ficaram prontos em meados de 2020 e aplicados pela primeira vez em janeiro do ano seguinte. Mas se nem todo o avanço médico e plano de conscientização mundial foram suficientes para diminuírem a propagação da doença em um dos séculos mais modernos da História até então, como foi para aqueles europeus que estavam no escuro quando começaram a ver familiares e vizinhos caírem mortos, com os órgãos podres em poucas horas, no apogeu da Peste Bubônica?
Esses foram 4 métodos usados por eles na esperança de parar a doença:
(Fonte: Listverse/Reprodução)
Imagine ver as pessoas caírem mortas em dias, ou até horas, repletas de furúnculos escuros, pulmões cheios de sangue, vomitando e delirando? Entre 1343 e 1353, cerca de 200 milhões de vítimas foram feitas pela letalidade da Peste, dizimando um terço da população da Europa.
Com esse efeito, as pessoas entraram em um frenesi de puro pânico, então foram forçadas a encontrarem métodos até risíveis na esperança de se protegerem da doença, ainda mais que possuíam nenhum amparo da medicina involuída do século XIV.
(Fonte: History Today/Reprodução)
O jeito foi recorrer aos boatos e superstições, por isso muitas pessoas se deslocaram de suas casas para habitar os esgotos. O pensamento surgiu porque imaginavam que a praga estava no ar, e que o ar sujo dos esgotos mataria a bactéria.
Como era de se esperar, o método não funcionou, apenas serviu para matar mais pessoas que contraíram outros tipos de doenças geradas pelo ambiente vil.
(Fonte: The Vintage News/Reprodução)
Como remédio, o mais eficaz eleito pelos europeus contra a Peste foi o melado, feito a partir do refinamento e cristalização do açúcar. Ele em si era inofensivo, mas foi usado podre para evitar a doença, o que já mudou toda a situação.
A linha de raciocínio daquela época adotada pelos médicos era de que "tudo o que era eficaz possuía um gosto ruim", ou seja, o xarope vencido, fedorento e pegajoso não só afastava a praga, como também curava dos sintomas aqueles que já estavam acometidos pela doença.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Enquanto o filósofo Heráclito de Éfeso (535 a.C.–475 a.C.) se cobriu em fezes — e morreu por causa disso — acreditando ser uma cura eficaz para sua doença de pele, a urina também não foi esquecida no contexto histórico de curas. No século XVI, havia a crença forte de que o líquido carregava propriedades curativas, baseada em pura crença antiga, nada científico.
O resultado foi que as pessoas beberam litros da própria urina tentando prevenir a Peste Negra, ao passo que as vítimas já adoentadas foram banhadas várias vezes ao dia sob a ideia de que isso ajudaria a aliviar os sintomas ou as curariam.
Recorrer à urina foi um dos poucos métodos que não mataram os europeus nessa corrida de se imunizar contra a doença, apenas os deixaram fedendo no que poderia ser as últimas horas de suas vidas.
(Fonte: History in Numbers/Reprodução)
Essa opção não poderia ficar de fora da lista, uma vez que, durante a era medieval, todo o tipo de infortúnio que recaía sobre a vida de uma pessoa ou nação era considerado resultado de uma fúria divina por eles estarem, supostamente, fazendo algo de errado — ainda que não soubessem exatamente o que.
Os europeus chegaram a essa conclusão rapidamente também, porque não poderiam ser vítimas de uma doença tão avassaladora e mortal se Deus não estivesse tão bravo assim com a humanidade por seus inúmeros pecados. Portanto, muitos raciocinaram que poderiam parar de serem punidos se punissem a si mesmo se autoflagelando.
Os fanáticos religiosos se chicotearam vigorosamente em exibições públicas, em um ato que, por vezes, só facilitou a disseminação da Peste, além de se encherem de infecções devido à carne machucada e exposta.