Rainha da Tristeza: o programa que humilhava mulheres pobres

21/04/2022 às 12:002 min de leitura

Não é nenhuma novidade o quanto a mulher foi explorada, exposta e espetacularizada através dos séculos, desde sua venda em praça pública até seu emburrecimento sistemático durante a Guerra Fria com anúncios que enalteciam apenas seus corpos, mas em meados dos anos 1900, isso foi levado para um novo nível quando um programa popular da televisão americana criou um quadro para explorar mulheres apenas por serem pobres.

Ainda que não seja muito difícil de encontrar esse tipo de sensacionalismo barato na televisão atualmente, o que foi feito ultrapassou a crueldade, principalmente porque se tornou, basicamente, um retrato do quanto o governo e a própria sociedade valorizava apenas quem poderia pagar, por exemplo, para entrar em um clube privado.

O programa Rainha por um Dia (Queen for a Day), também conhecido como Rainha da Tristeza, apesar do nome, não tinha nada a ver com um dia em que elas seriam bajuladas ou teriam seu visual repaginado. Tudo visava apenas envergonhá-las.

Um show de exploração

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

O reality show destinado à classe média norte-americana se concentrava nos problemas com os quais a maior fatia das famílias da sociedade que viviam em situação de pobreza tinham que lidar, como uma espécie de Jogos Vorazes da vida real.

A princípio, o programa começou no rádio, em 1945, visto que menos de 50% dos lares americanos tinham televisão, mas entrando na década de 1950 passou a ser televisionado com apresentação de Jack Bailey.

O programa prometia e até justificava suas ações dando a essas mulheres solteiras, mães ou viúvas utensílios que lhes poderiam ser úteis, como panelas para cozinhar, e as apelidando de "rainhas", tanto por sua suposta bravura por enfrentarem a pobreza quanto porque acreditavam que toda mulher era, por nascimento, uma — até mesmo aquelas que eram parcialmente analfabetas, como gostavam de pontuar.

"Pornografia" ao vivo

(Fonte: History/Reprodução)(Fonte: History/Reprodução)

Cada episódio contava com a participação de quatro ou cinco mulheres que competiam entre si para ganhar o título e o prêmio risível contando suas histórias tristes. Quanto mais miseráveis, melhor para comover a plateia classe média, que ria com a desgraça alheia, que podia ser desde a necessidade de uma cadeira de rodas para uma criança com paralisia cerebral até uma cama de solteiro.

Lili Meier ganhou o prêmio Rainha por Um Dia ao revelar que era uma sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, ganhando a remoção de sua tatuagem no antebraço após alcançar a nota máxima de aplausos em um Medidor de Aplausos localizado na plateia.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Considerado uma “pornografia da pobreza”, o objetivo do programa era ver as mulheres suarem, tremerem ou tentarem impressionar o público com suas histórias infelizes. O apresentador fazia de tudo para deixá-las o mais desconfortável o possível através de perguntas maliciosas e cutucadas em suas feridas.

Além de todo esse show de horrores, o programa também servia para promover de maneira bem ordenada o consumismo, visto que a televisão americana se tornou um catálogo de venda de produtos, cujo público alvo eram as mulheres, no final da Segunda Guerra Mundial.

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