Ciência
22/05/2022 às 11:00•2 min de leitura
Todo ano, a Capela Sistina, uma das grandes obras de arte da humanidade, localizada no Vaticano, recebe cerca de 4 milhões de visitantes. Estas pessoas vão lá para apreciar o lugar repleto de afrescos bíblicos pintados por Michelangelo, pintor e escultor italiano que viveu nos séculos XV e XVI.
Mas caso você queira levar uma selfie de lembrança da visita, não vai poder, pois é proibido filmar e fotografar o interior da Capela Sistina. E diferente do que possa imaginar, a proibição não tem a ver (apenas) com o fato de que os flashes das câmeras podem danificar a pintura. A questão é mais complexa e remete a um acordo feito pelo Vaticano para reformar a famosa capela.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A Capela Sistina foi construída na Cidade do Vaticano entre os anos de 1473 e 1481, em homenagem ao Papa Sisto IV. Ela é bastante conhecida por conta das pinturas que estão dentro dela, feitas por mestres do Renascimento italiano, como Michelangelo, Rafael, Pietro Perugino e Sandro Botticelli. Estes afrescos representam cenas bíblicas, que contam a vida de Moisés e de Cristo, dentre outros episódios. Além disso, a capela ainda exibe retratos papais e da ancestralidade de Jesus.
Quando se resolveu fazer uma restauração na Capela Sistina, no fim da década de 1970, as autoridades do Vaticano buscaram um apoiador que financiasse o projeto. Quem venceu esta espécie de licitação foi a Nippon Television Network Corporation of Japan, uma emissora de TV japonesa, que deu uma oferta de US$ 3 milhões (depois atualizada para US$ 4,2 milhões), superando entidades americanas e europeias.
A contrapartida à reforma foi que a Nippon TV recebeu os direitos exclusivos para fazer a fotografia e os vídeos da capela, bem como o registro de todo o processo de restauração, que foi feito pelo fotógrafo Takashi Okamura e durou cerca de 20 anos.
Por conta deste acordo, a Nippon conseguiu produzir vários documentários e livros com as imagens exclusivas da restauração. Mas a proibição sobre o registro da Capela continua em vigor, mesmo depois de tantos anos da execução do projeto.
(Fonte: JurateBuiviene/Shutterstock)
Há uma espécie de polêmica em torno do acordo com a Nippon. O jornal The New York Times revelou, em 1990, que o acordo de exclusividade do governo do Vaticano com a Nippon só durava até 3 anos após o fim da reforma.
Isso significava, por exemplo, que fotos dos afrescos "Juízo Final", de Michelangelo, já estavam liberados para registros a partir de 1997, pois a etapa de restauração que os envolvia terminou em 1994.
No entanto, para se justificar, a Nippon afirma que a restrição sobre as fotos se aplica a profissionais, e não a turistas comuns, que podem registrar a belíssima obra de Michelangelo, desde que não usem flash. Bem, aparentemente ainda é proibido tirar fotos lá dentro, mas os visitantes relatam que essa regra não costuma ser muito obedecida.