Como os filmes mudaram a sociedade?

19/10/2022 às 13:003 min de leitura

Os dados do instituto de pesquisa Grand View Research mostram que o mercado global de filmes e entretenimento está avaliado em US$ 90,92 bilhões, com estimativas bem positivas para um crescimento anual de 7,2% entre 2022 a 2030.

Em termos econômicos, a indústria do cinema e televisão sustenta cerca de 2,2 milhões de empregos, paga mais de US$ 192 bilhões em salários, e compreende mais de 110 mil empresas, como mostrou os números do Motion Picture Association. E estamos falando apenas do entretenimento dos Estados Unidos, que representa apenas um terço da indústria global de mídia e entretenimento.

São por essas razões que os demais países engajaram em uma corrida ferrenha para competir com esses avatares do mercado, visando fazer parte de uma roda econômica que alimenta vários braços de uma nação. Mas e como a indústria do cinema mudou a sociedade?

Entretenimento como influência

(Fonte: United States Holocaust Memorial Museum/Reprodução)(Fonte: United States Holocaust Memorial Museum/Reprodução)

Durante a década de 1930, o cinema era a principal forma de entretenimento no mundo, com pessoas indo assistir a um filme pelo menos duas vezes na semana. Os locais também se tornaram ponto de encontro sociais, reunindo bares, restaurantes, fliperamas e outros tipos de atração para atrair o máximo de clientes o possível.

O excesso do pilar central fez do cinema um poderoso instrumento de comunicação em massa para transmitir uma mensagem ao espectador, visto que este é o principal objetivo da forma de arte. Não é para menos que boa parte da propaganda nazista alemã foi feita através do cinema, para construir uma Alemanha liberta e um Adolf Hitler salvador, a frente de um partido que pregava a unidade e ascensão de uma nova ordem, para uma economia longe da inflação extrema e da fome. Isso conquistou o povo.

(Fonte: The New York Times/Reprodução)(Fonte: The New York Times/Reprodução)

Joseph Goebbels, braço direito de Hitler, Ministro da Propaganda do Partido Nazista e grande entusiasta do cinema alemão, fez dos filmes um elemento temático que sempre favorecia e defendia a nova ideologia. O cinema era a melhor maneira de juntar as pessoas por algumas horas e fazer com que elas ouvissem. Portanto, não é para menos que foi assim que Hitler viu seu verdadeiro poder e o alcance da influência que tinha.

Apesar de a indústria do cinema existir há mais de 100 anos, foi só recentemente que a psicologia passou a analisar com mais afinco como os filmes afetam mentalmente as pessoas. Em meados da década de 1920, o psicólogo da Universidade de Harvard, Hugo Munsterberg, foi o primeiro a desafiar seus colegas pesquisadores a descobrirem a profundidade e a razão da influência do cinema – e isso foi apenas 20 anos após Louis Lumiére ter exibido na França um dos primeiros filmes da História.

Assim, ele escreveu The Photoplay: A Psychological Study, considerado o primeiro olhar comportamental para a indústria cinematográfica.

Moldando a sociedade

(Fonte: Lyubov Ivanova/Getty Images)(Fonte: Lyubov Ivanova/Getty Images)

A psicologia do cinema, um subcampo da psicologia da arte, provou que o cinema não é algo feito para ser assistido passivamente, como existia a ideia no passado, mas que todos os seus elementos em tela desempenham um papel fundamental na maneira como afeta pensamentos e emoções dos espectadores.

A neurociência cognitiva comprovou que os filmes podem exercer um controle considerável sobre a atividade cerebral e os movimentos dos olhos, conduzindo o espectador a uma sequência de estados perceptivos, emocionais e cognitivos.

Em entrevista ao Psychological Science, a professora de Estudos de Cinema e Video da Universidade do Michigan, Ira Konigsberg, disse que vivemos em uma era na tecnologia em que a imagem desempenha um papel primordial na formação da maneira como pensamos.

(Fonte:  Lumière Brasil/Reprodução)(Fonte:  Lumière Brasil/Reprodução)

É por isso que um estudo realizado pelo University College London e do Vue Cinema mostrou que assistir filmes melhora o foco mental e a fixação da mensagem, ajudando na cognição e na memória. Quando alguém se identifica com um personagem de alguma forma, essa associação impacta em um nível emocional que pode até melhorar a conectividade social.

Devido aos gatilhos mentais, a indústria do cinema se tornou uma ferramenta fundamental de transformação social ao longo do tempo, colocando o público no centro de diferentes perspectivas para experimentar emoções e fazer reflexões de assuntos que podem mudar comportamentos em relação a temas urgentes.

Um exemplo disso é o documentário O Território, dirigido por Alex Pritz, feito em coprodução com povos indígenas Uru-eu-wau-wau do Brasil, que levou o público a uma viagem por todas as dificuldades que uma comunidade de defensores do meio ambiente já enfrentou de fazendeiros, mineiros e colonos ao longo do tempo. O filme também aproveita para tratar de tópicos sensíveis na mídia, como o clima e a emergência humana em face às mudanças climáticas.

Como ferramenta de transformação, o cinema colocou classes sociais diferentes em uma mesma sala, mostrou realidades a um público muitas vezes alheio, reforçando ou questionando percepções até que fosse entendido que a arte reflete, sim, a vida.

"Eu acredito que nenhum filme, nada na vida, deixa as pessoas neutras. Ou você as deixam bem, ou mal", definiu David Putnam, produtor de filmes e político britânico.

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