Ciência
23/11/2022 às 12:00•3 min de leitura
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro deste ano, mais de 13 milhões de ucranianos foram desalocados; 45 mil militares foram feridos ou mortos; houve perda de 20% do território ucraniano para as forças russas; mais de 6 mil civis morreram; e há chances de a economia da Ucrânia encolher em até 45%.
Recentemente, o governo de Volodymyr Zelensy acusou o presidente russo Vladimir Putin de cometer terrorismo energético para intimidar a Ucrânia durante a guerra. A Rússia teria atacado a infraestrutura de energia do país, deixando 4,5 milhões de habitantes sem energia, e com o fantasma da morte pairando sobre todos com a chegada do inverno.
(Fonte: Swarajya Magazine/Reprodução)
Ironicamente, a tática de guerrilha é muito similar a orquestrada pelo Terceiro Reich durante o Cerco de Leningrado, em 1941, para que a antiga cidade soviética definhasse de dentro para fora, sem precisar que fizessem intervenção militar direta. A falta de eletricidade em meio ao inverno significou menos comida, calor e água – e também muita morte.
Em comunicado oficial à imprensa, Zelensky declarou que o fato de Putin recorrer ao terrorismo energético só mostra o quão enfraquecido está.
(Fonte: Santa Maria Times/Reprodução)
Ter como alvo a indústria de energia é uma manobra comum entre grupos terroristas – ainda que a literatura diga o contrário – desde a década de 1970, porque pode atingir outras instalações relacionadas à energia, como refinarias de petróleo. A pesquisa feita pelo Consórcio Nacional para o Estudo do Terrorismo e Respostas ao Terrorismo, indicou que o terrorismo energético é comum no Paquistão, Iêmen e Colômbia.
Nesses locais, a prática é feita de maneira estratégica, e pode ser usada como um recurso monetário, em primeiro lugar, ou para extorquir dinheiro ameaçando atacar um sistema ou instalação de energia. Obter ganhos financeiros por meio de sequestro de trabalhadores da indústria da energia ou roubar petróleo também é uma alternativa para gerar fundos.
(Fonte: BBC/Reprodução)
Os terroristas podem atacar a energia por motivos ideológicos, por serem anti-petróleo estrangeiro ou anti-extração dele, fazendo isso a fim de afugentar forasteiros das regiões ricas no produto ou para expressar sua indignação. Em amplo espectro, os agressores atingem a infraestrutura para minar a segurança energética de seu país-alvo, acabando por prejudicar a segurança nacional e a economia da nação.
Muito embora esses ataques representem uma pequena parcela de todos as agressões terroristas, os impactos em termos de perda de propriedade são imensos, além de que disseminação o terror – tudo o que Putin busca no momento – e destrói o senso de estabilidade de um governo.
(Fonte: PBS/Reprodução)
No último dia 17, a Ukrenergo, companhia nacional de energia da Ucrânia, revelou que os ataques russos danificaram 15 instalações de energia só na terça-feira (15), deixando inoperantes milhares de quilômetros de linhas de transmissão de alta tensão. Os mais de mil funcionários da empresa trabalharam sem parar para conseguir corrigir ou substituir o que conseguiram, apesar de estarem de mãos atadas.
A Naftogaz, empresa nacional de petróleo e gás, disse que os bombardeios maciços na infraestrutura produtora de gás no leste do país destruíram várias instalações e danificaram outras centenas.
(Fonte: Global Construction Review/Reprodução)
“A ordem internacional é muito clara. Estes são crimes de guerra”, comentou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, ao parlamento Europeu, no mês passado. A mulher enfatizou que ataques direcionados à infraestrutura civil com o objetivo claro de cortar meios de subsistência de homens, mulheres e crianças são atos de puro terror.
Em 1 dia, a Rússia bombardeou infraestruturas civis em Kharkiv, Zaporizhzhia, Dnipropetrovsk e Mykolaiv, conforme um relatório do Ministério da Defesa da Ucrânia. A Uknergo disse que o ataque a uma subestação no oeste do país deixou cerca de 400 mil pessoas sem eletricidade.
(Fonte: ANI News/Reprodução)
“Existem dezenas de transformadores no sistema de energia, e todos estão danificados. Estes equipamentos não podem ser substituídos rapidamente, mas os trabalhadores estão dando o seu melhor para restaurar a energia no país”, acrescentou o presidente-executivo da companhia, Volodymyr Kudrytskyi, ao The New York Times.
O ataque russo criminoso aumentou o risco de uma emergência nuclear, visto que os 15 reatores operacionais em quatro usinas da Ucrânia estão vulneráveis a interrupções, como já alertou Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em comunicado na semana passada.
(Fonte: The New York Times/Reprodução)
A Usina Nuclear de Khmelnytskyy se tornou a instalação mais recente a perder sua conexão com a rede devido aos bombardeios russos, exigindo o desligamento de seus dois reatores. Após a perda total de energia da usina de Zaporizhzhya no início de novembro, a vulnerabilidade de toda a rede ucraniana demonstra que a situação de segurança nuclear pode de repente piorar.
Uma análise feita pela Escola de Economia de Kiev indicou que, só em setembro, os custos aos danos causados pelos russos aos edifícios e à infraestrutura da Ucrânia estavam avaliados em US$ 127 bilhões, com o Banco Mundial e a Comissão Europeia estimando que custaria US$ 349 bilhões para reconstruir o país.
No entanto, esse número aumentou significativamente com o intenso bombardeio em outubro e novembro, adicionando mais um revés para a Ucrânia nessa guerra.