Ciência
13/01/2023 às 04:00•2 min de leitura
É inegável que, quando há conflito, são imensas as chances de haver brutalidade. Independente do nível de maldade infligida no inimigo, o ponto é que há — e infelizmente sempre haverá — sofrimento em toda e qualquer disputa que envolva dois lados com ideais e interesses muito distintos.
E foi exatamente seguindo nesta linha que rolou a sangrenta da Guerra de Canudos, realidade esta que hoje é desconhecida por uma parcela bastante considerável do público brasileiro. Agora, este problema parece estar sendo sanado com o lançamento do livro Entre as Chamas, Sob a Água, do escritor R. Colini.
Em sua nova obra, Colini convida o leitor a conhecer um pouco mais sobre a barbárie da famosa Guerra de Canudos, um conflito armado que durou de novembro de 1896 até outubro de 1897 e via o Exército Brasileiro combatendo membros de uma comunidade sócio-religiosa liderada pela figura conhecida como Antônio Conselheiro.
O livro descreve as dificuldades enfrentadas pelo protagonista, um jovem combatente do exército brasileiro que "perde a empatia, a fé e o propósito." Ao lado dos colegas do pelotão, o rapaz precisa enfrentar o sol escaldante para enfrentar jagunços que tinham uma grande vantagem: eles conheciam muito bem a geografia local e estavam bastante acostumados ao clima da região. Os soldados, por outro lado, sofriam de desidratação, fome e feriadas que mal podiam ser tratadas no campo de batalha.
24º Batalhão de Infantaria se preparando para encarar os jagunços na Guerra de Canudos
É nesse ambiente de total hostilidade que Colini leva o leitor a acompanhar ambos os lados da disputa, incluindo acontecimentos tão brutais que nos levam a questionar até onde vai a humanidade de uma pessoa. O romance histórico busca retratar a Guerra de Canudos de forma nua e crua, relatando todo o banho de sangue e o clima de total desespero vivido naquele período.
Neste livro, Colini tem o papel de guiar o leitor durante um combate "onde a dignidade é arrancada e a humanidade se esvai," enquanto acompanhamos o jovem e desacreditado protagonista. Aqui, nada do que ele aprendeu nos treinamentos do exército é certeza de vitória: na realidade, o que se percebe é "o despreparo e a incompetência do exército para aquele cenário."
Livro retrata a brutalidade vivida na Guerra de Canudos, no interior do estado da Bahia
Como mostra o livro de R. Colini, o exército brasileiro entrou em um combate brutal sem qualquer conhecimento ou "instrução acerca do comportamento dos jagunços na guerra," sendo basicamente surpreendido por um "inimigo invisível." O combate foi repleto de episódios de tortura, com alguns casos descritos até mesmo como "churrasco de gente," onde os jagunços usavam todo tipo de técnica para amedrontar e espantar os inimigos, incluindo o uso de torturas com brasas e até mesmo decapitações.
Com tantos perigos rondando a todo instante e o total despreparo dos membros do exército, o protagonista precisa lutar a guerra pelos dois lados: para sobreviver, o jovem precisa não apenas se proteger dos jagunços, mas praticamente se tornar um deles ao lutar contra seus próprios colegas enquanto "sucumbe à solidão e ao odor podre da guerra."
Para os interessados na história dos conflitos de nosso país, saiba mais sobre Entre as Chamas, Sob a Água, uma obra publicada pela Editora Labrador.