Artes/cultura
19/01/2023 às 06:30•2 min de leitura
O Museu Transgênero de História e Arte (MUTHA) anunciou o lançamento do primeiro conjunto de arquivos museais dedicado às vivências transgêneras e de identidades. Concebida pelo curador Ian Habib, a coleção de registros históricos, inaugurada oficialmente no final de 2022, apresenta um acervo arquivístico gratuito e com milhares de conteúdos — tudo organizado para gerenciar e disponibilizar o conjunto de saberes trans que determinaram o posicionamento social da comunidade.
A coleção documental marca um importante símbolo de representatividade para a população brasileira. A partir de agora, pessoas de corpo e gênero variantes — incluindo transgêneras, travestis, não binárias, intersexo, indígenas, LGBTQIAPN+ e outras identidades — têm a oportunidade de apresentar suas próprias histórias, com direito a salvaguardas, preservações, pesquisas, educações e fruições de forma totalmente gratuita, online e de acesso imediato.
Os registros detalham conteúdos bibliográficos, artísticos, fotográficos, científicos, históricos e documentais de tipologia arquivística e museal, baseados em uma pesquisa de metodologia híbrida. Dessa forma, o público consegue compreender as vivências enfrentadas por grupos diversos e entender de que forma é possível garantir seu ingresso mais eficaz e representativo nas sociedades atuais.
(Fonte: MUTHA/Reprodução)
“São itens musealizados e conjuntos de tecnologias de formação de arquivos museais e de produção de dados, funcionando como um espaço comunitário e autônomo, onde é gerido parte do patrimônio simbólico, social, político e cultural tangível e intangível da população corpo e gênero diversa do/no Brasil”, explica Ian.
(Fonte: MUTHA/Reprodução)
Segundo o organizador, os arquivos do MUTHA incentivam a criatividade e a liberdade, bem como rompem a história produzida até os dias atuais por meio de um choque de estruturas. A ideia do acervo é estimular a busca por conhecimento baseado na quebra das "leis cis-heteronormativas de saber e poder, de modelos temporais fixos e do que pode ser dito sobre as transgeneridades em universos cisgêneros".
O Museu Transgênero de História e Arte é composto de três tipos de processos de arquivamento. Inicialmente, o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPPDH) se responsabiliza por coletar os acervos e organizá-los por meio de pesquisa, documentação, digitalização, registro, ficha catalográfica, disponibilização, conservação preventiva e restauro. Essa etapa age em parceria com o voluntarismo de instituições públicas e privadas que fornecem materiais e fundos para custos.
O AD é uma biblioteca digital que opera por meio de um mecanismo de busca. A função engloba todo o material musealizado e inclui Acervos de Pesquisa, Acervos Transcestrais (dedicados a personalidades importantes), Acervos MUTHANTES (produções experimentais) e Arquivo Vivo (curadoria compartilhada). Todas essas áreas tratam sobre temas pertinentes à diversidade e discutem ativismo, migração, cidadania, direitos humanos, aposentadoria, comunidade, família, religião e vários outros departamentos relacionados.
(Fonte: MUTHA/Reprodução)
Por fim, o MUTHA oferece o PED como um meio de educar as pessoas trans e ingressá-las no mercado das Artes e Humanidades. Essa capacitação funciona por meio de cursos de empreendedorismo na indústria cultural e facilita o acesso a produções de corpo e gênero para quem deseja aprender mais e investir na carreira. Esse setor também organiza as atividades de Divulgação Científica do AHMUTHA e garante suporte para todos os grupos interessados.
Desde dezembro, o museu vem oferecendo e realizando uma série de cursos para promover a difusão de conhecimento. As inscrições variam com turmas, prazos e destinação de cada nível de aprendizado e são totalmente gratuitos, suportando 100 alunos por sala e indicados para maiores de 18 anos. Para conhecer mais sobre a iniciativa e sobre o acervo pioneiro, basta acessar o site oficial.