Ciência
24/03/2023 às 02:00•2 min de leitura
Séculos antes de se tornar um atrativo turístico, o Jardim dos Monstros, na pacata cidade italiana de Bomarzo, a cerca de 70 quilômetros de Roma, foi um lugar que chamava a atenção pela excentricidade das estátuas que a compunham.
Ao lado de uma grande variedade de flores, plantas e lindas fontes, o espaço foi construído no século XVI, mas muito mistério cercou a área e suas horripilantes estátuas. Hoje, levaremos você a um passeio por esse magnífico parque, apresentando fatos curiosos sobre ele. Confira.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Jardim dos Monstros, Bosque Sagrado, Parque dos Monstros ou Floresta dos Monstros. Ao longo de mais de 5 séculos, o espaço criado por Pier Francesco Orsini, Duque de Bomarzo, e projetado por Pirro Ligorio, pintor, arquiteto e paisagista italiano, foi fonte de mistério e teorias para muitas pessoas.
Ligorio era famoso na Itália, tendo concluído os trabalhos de Michelangelo na Basílica de São Pedro e criado os Jardins do Vaticano. O arquiteto foi responsável por criar mais de 30 estátuas e esculturas para os jardins do terreno de Orsini. O artista, crítico dos renascentistas, usou sua visão de criaturas míticas para criar esse universo grosseiramente exagerado.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Quase todas as esculturas e estátuas presentes no Jardim dos Monstros possuem mensagens tão enigmáticas quanto as próprias peças. Estudiosos do parque acreditam que as inscrições visavam oferecer a quem as visse, mesmo que de modo metafórico, uma explicação sobre cada artigo ali presente.
Seria uma maneira de permitir aos visitantes mergulhar na mente de Orsini quando decidiu criar o espaço, e de captar a visão de arte de Ligorio. Mesmo sem nenhuma comprovação de que esse era o intuito, as mensagens complementar a excentricidade do parque.
(Fonte: YouTube/Reprodução)
Após a morte de Orsini, o Jardim dos Monstros acabou abandonado à própria sorte. O terreno ficou todo coberto por mato e as estátuas por musgo. A situação mudou quando, em 1938, o pintor surrealista Salvador Dali tomou conhecimento do parque.
Ali, o artista encontrou fonte imensa de inspiração para suas obras, mas também para se aventurar em uma nova linguagem artística que ele embarcava: o cinema. No Jardim dos Monstros, Salvador Dali filmou um curta-metragem chamado In the World of the Surreal: Salvador Dali in the Garden of Monsters, lançado oficialmente em 1948.
Na obra, o pintor procurou explicar o jardim a partir de sua própria mente. É possível ver em "A Tentação de Santo Antônio", uma das mais intrigantes obras de Dali, referências aos monstros do jardim de Orsini.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Levou muito tempo até que o parque imaginado por Orsini ganhasse acesso público. Mas o interesse de Salvador Dali direcionou os holofotes para o Jardim dos Monstros. Acreditando que havia ali uma grande oportunidade de negócios, o corretor de imóveis Giovanni Bettini adquiriu a propriedade e investiu mais dinheiro para restaurar as obras.
A visão dele estava correta: o Jardim dos Monstros se tornou espaço para filmagens de filmes, como A Prometida e As Aventuras de Hércules. Atualmente, o espaço recebe em torno de 40 mil turistas por ano, intrigados pela estranheza das estátuas.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Uma das esculturas mais conhecidas do local é a cabeça de ogro conhecida como Orcus. Quem a vê parece estar diante de um monstro que grita, com a boca sempre aberta.
O que nem todo mundo sabe é que Orcus, apelidado de "Boca do Inferno", foi projetado para ser um espaço para refeições, onde Orsini e seus eventuais convidados poderiam fazer piqueniques na mesa formada pela língua do ogro.