Ciência
15/04/2023 às 06:30•2 min de leitura
Os ronins eram antigos samurais que não possuíam mais mestre nem a quem servir, sendo considerados guerreiros nômades. O termo tem origem nos caracteres japoneses que significam "homem flutuante", mas também pode ser traduzido como "homem errante", "andarilho" ou "homem das ondas", já que eram considerados homens sem rumo.
A primeira vez que se falou em ronins foi entre os períodos Nara e Hein, entre 710 e 1185. Tudo que rege sua história é cercado de fascínio, mas também de rebeldia e tragédia. Mesmo não sendo considerados samurais tradicionais, ajudaram a moldar a cultura e a tradição japonesas. Conheças alguns fatos a respeito destes milenares guerreiros.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A lenda dos 47 ronins, que narra um evento em que um grupo de samurais foi forçado a se tornar ronin, após seu mestre ser punido por ter agredido um alto funcionário judicial, é um bom exemplo da rebeldia associada à categoria.
A lenda que conta o plano de vingança dos ronins foi, certamente, inspirada em atos de rebeldia perpetrados por antigos samurais e registrados em livros japoneses. Chegou até mesmo a virar filme em Hollywood.
A Revolta Keian, de 1651, é um exemplo prático disso. Um grupo de ronins planejou forçar a ditadura feudal a tratá-los com respeito, tentando um golpe militar que, embora tenha falhado, fez com que a situação dos ronins melhorasse.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Entre os séculos XII e XIX, o Japão era estruturado em um sistema de classes composto por quatro níveis. Os ronins ficavam na parte mais baixa, inferior à classe dos samurais, agrupados juntamente com fazendeiros e camponeses. Como não eram mais empregados de um senhor e não possuíam um mestre, perdiam os privilégios garantidos aos samurais.
Por um longo período, a hierarquia feudal japonesa considerou ser ronin como uma desgraça, definindo esses homens como falhos no seu dever para com seu senhor e com o Japão. Sem um mestre, tornaram-se desonrosos e sem propósito, além de vistos como potenciais criminosos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Apesar de serem considerados desonrados e de classes mais baixas, não era incomum que alguns samurais desejassem se tornar ronins. Isso porque acreditavam que poderiam viver uma vida mais livre e honrada, desobrigados do código Bushido, o livro de honras ao qual estavam submetidos.
Especialmente no século XIX, próximo ao fim da ditadura feudal, muitos samurais estavam desejosos de restaurar a família imperial como legítima governante do país, livrando o Japão dos ocidentais. Para isso, muitos deixaram voluntariamente seus mestres para se tornarem ronins, o que é considerado uma inspiração para as reformas da era Meiji, em 1867.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Haiku ou haikai é um gênero da poesia tradicional japonesa, de perfil curto, que capta um momento da vida do poeta usando versos breves e descritivos. Paulo Leminski foi um grande apreciador do estilo. Pois coube a um ronin a paternidade deste gênero poético. Durante o período Edo, um estilo conhecido como hokku se tornou muito popular entre os guerreiros.
O ronin Matsuo Basho foi o responsável por adaptar o estio, modificando o que era feito na poesia tradicional japonesa, usando uma estrutura com 17 sílabas, que batizou de shofu. Sua obra é considerada o pilar sobre o qual o haicai moderno foi erguido, próximo ao fim do século XIX.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Durante a era Meiji, o Japão passou por um grande processo de modernização, deixando para trás o passado feudal. Nesse contexto, o papel do ronin e dos samurais também precisava mudar, já que era associado a esse passado que tentavam superar.
Por essa razão, o imperador conduziu a abolição da classe samurai em 1876, fazendo com que os guerreiros precisassem se adaptar. Os que não se tornaram professores, fazendeiros ou comerciantes rumaram para o exército.