Ciência
17/05/2023 às 08:00•3 min de leitura
Ao longo da história, fomos apresentados a diversas práticas esportivas que, para o bem ou para o mal, ficaram para trás e se tornaram apenas memórias. Entre essas, uma que talvez muitos não conheçam é o mergulho a cavalo.
Não, você não leu errado: nessa modalidade um tanto quanto peculiar, a ideia era literalmente montar em um cavalo e se lançar de uma plataforma que chegava a atingir 18 metros de altura rumo a uma piscina cheia de água (e sem nenhum tipo de proteção).
O mergulho a cavalo foi inventado por Frank Carver, um apaixonado pelo universo do Velho Oeste. Alguns relatos dizem que as primeiras propostas para esse esporte surgiram enquanto ele buscava ideias para montar um show com caubóis e tudo mais, mas a origem exata pode ter sido de duas fontes.
"Carver tinha duas versões [para essa ideia], mas acho que o que aconteceu foi baseado em algo totalmente diferente. Uma delas diz que havia alguns índios o perseguindo até o momento em que chegou a uma encosta que dava no Platte River, em Nebrasaka. Sem ter para onde ir, ele e seu cavalo pularam no rio para chegar do outro lado", conta Cynthia Braningan, autora do livro The Last Diving Horse in America (O último mergulho a cavalo na América, em uma tradução literal).
Frank Carver, criador do mergulho a cavalo. (Fonte: Atlas Obscura/Reprodução)
"Já a outra versão é uma variação do clássico 'era uma noite escura e chuvosa'. Ele estava ao ar livre em seu cavalo quando uma ponte quebrou e eles tiveram que pular no rio para chegar até a outra margem", comentou Cynthia.
Entretanto, ela acredita em uma terceira versão. Nesta, Carver estava realizando um show temático de Velho Oeste e, em um determinado momento, a ponte em que os cavalos estavam acabou cedendo, fazendo os animais caírem em um tanque de água que estava abaixo. A partir dessa observação, surgiu o esporte.
Seja qual for a verdadeira origem, o fato é que a prática do mergulho a cavalo virou um show e acabou ficando muito popular no Steel Pier, situado em Atlantic City, nos Estados Unidos. À época, era comum ver centenas de pessoas reunidas para ver os atletas e seus cavalos realizando os saltos.
A prática teve suas primeiras exibições abertas acontecendo a partir de 1928 e se manteve ativa no local por cerca de 50 anos, chegando a se tornar, inclusive, uma atração primária para aqueles que viajavam para Atlantic City. Porém, não demorou muito para que o esporte chamasse a atenção de algumas pessoas para fazer algo que pudesse impedi-lo.
Centenas de pessoas se reuniam no Steel Pier para ver a prática do mergulho a cavalo. (Fonte: Atlas Obscura/Reprodução)
A princípio, era muito comum ver atletas e cavalos realizando os saltos de duas a seis vezes por dia, o que exigia bastante e colocava a vida os praticantes em risco. Por conta disso, era bem comum ver alguns dos esportistas com ossos quebrados e outros tipos de ferimentos (do que se tem notícia, foram registrados apenas dois óbitos relacionados à prática), isso sem falar nos perigos para os próprios cavalos.
Dessa forma, diversos ativistas dos direitos dos animais começaram a pressionar as autoridades para colocar um fim a essa prática, que continuou ativa até 1978. Por duas vezes, tentaram realizar a atividade mais uma vez no Steel Pier (em 1993 e em 2012), mas elas acabaram falhando e, aparentemente, colocando um fim nessa história.
Aliás, a história só não ficou totalmente perdida por conta do filme Mergulho em uma paixão, lançado em 1991 e ambientado na Grande Depressão. Nele, vemos a trajetória de Sonora Webster, que treina para ser uma atleta do mergulho a cavalo, mas acaba sofrendo um acidente nesse processo — algo muito parecido com o que foi visto na realidade dos que se arriscaram nesse esporte.