Ciência
08/06/2023 às 10:00•4 min de leitura
Não são só os atores que entram em personagens para exercer sua arte. Os músicos, de certa maneira, também precisam atuar em suas canções ou nos palcos. Alguns deles, entretanto, vão muito além — criando alter egos com nomes e histórias próprias. Quase outra personalidade.
Algumas dessas personalidades servem para construir o conceito de um álbum, promover um projeto específico e até para lançar músicas que não combinam com a imagem do artista. Mas independente disso, é sempre interessante ver a criatividade dos artistas através de seus alter egos. A seguir, relembramos alguns dos mais interessantes.
Fonte: Getty Images
Quando David Bowie lançou The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, no longínquo ano de 1972, ele se tornou um dos primeiros músicos a alcançar fama global com um alter ego. Ziggy Stardust era uma estrela do rock alienígena, que subia ao palco com roupas e performances exageradas.
Mas Bowie afirmou, em mais de uma ocasião, que o que ele criou para Ziggy foi isso: roupas e performances no palco. A maioria dos outros elementos e histórias do personagem são criação dos milhões de fãs que Bowie — e Ziggy — conquistaram pelo mundo.
Além disso, o lendário músico britânico criaria outros alter egos. No álbum Outside, de 1995, o artista conta uma história de crime e mistérios, interpretando vários personagens: do detetive Nathan Adler à adolescente Baby Grace Blue, que é assassinada. Blackstar, disco lançado dias antes da morte do artista, também trouxe o alter ego do Blind Prophet (Profeta Cego).
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Outro alter ego do rock clássico que merece lugar nessa lista é Billy Shears. Ele é citado na primeira música, como o vocalista da tal Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, que dá título ao lendário álbum. Então, Billy é interpretado pelo baterista Ringo Starr — que canta a canção seguinte, With a Little Help From My Friends, no personagem.
Fora isso, não sabemos muito mais sobre Billy Shears. Mas o personagem já deu espaço para as teorias da conspiração que dizem que Paul McCartney morreu e foi substituído: por um tal de William Shears Campbell.
Fonte: Lady Gaga/Fandom
Passando agora para a música pop, muitas divas do gênero encarnaram personagens curiosos para seus projetos. Porém poucas foram tão longe quanto Lady Gaga, que criou o "machão" Jo Calderone, inspirado na arte drag — onde pessoas de um gênero criam personagens de outro.
Calderone estreou em um ensaio para a revista Vogue Hommes do Japão e chamou bastante atenção. Então, Gaga o trouxe de volta no clipe de You and I, sucesso do álbum Born This Way (2011). Sua aparição mais famosa é no Video Music Awards daquele ano: Gaga foi à premiação como Jo e ficou o tempo todo no personagem.
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O terceiro álbum de Beyoncé, I Am... Sasha Fierce (2008), tem duas partes bem distintas: na primeira, a artista canta músicas mais calmas e românticas. Já a segunda é dedicada ao alter ego que ela encarna nos palcos: a destemida Sasha Fierce. É de lá que saíram pérolas do pop, como Single Ladies (Put a Ring on It) e Diva.
Segundo a cantora, Sasha Fierce nasceu porque a própria Beyoncé não era tão extrovertida quanto algumas apresentações lhe exigiam. Na época de seu quinto álbum, o autointitulado Beyoncé (2013), ela afirmou "ter matado" Sasha — que já não era mais necessária para isso.
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Dá para imaginar a glamourosa diva Mariah Carey cantando rock alternativo, naquele pegada do grunge dos anos 1990? Pois foi exatamente isso que ela fez, gravando o disco Someone's Ugly Daughter, durante as sessões do álbum Daydream (1995).
A ideia de Carey era lançar o projeto como sendo da banda fictícia Eel Tree — e deixar para o público descobrir que ela esteja por trás disso. Mas, a gravadora Sony trocou todos os vocais das músicas e soltou o disco no mercado como sendo da banda Chick. Vendeu 800 cópias.
Essa história só foi descoberta em 2020, quando Mariah Carey falou sobre ela em seu livro de memórias. Quem ouviu o disco, diz que ele parece mais uma paródia do grunge da época — e talvez fosse muito mal interpretado, lá em 1995.
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Outro artista que usou um alter ego para lançar um projeto muito distante de seu gênero foi o astro country Garth Brooks. Ele era o principal nome do gênero rural dos Estados Unidos, até que resolveu se lançar no rock alternativo, no fim dos anos 1990.
Para isso, criou a persona Chris Gaines — um australiano viciado em sexo e que passou por poucas e boas na vida, antes do estrelato. Ele se maquiava e usava uma franja emo para seu papel, bem diferente dos chapéus e cintos country que o público estava acostumado. Mas a história foi ainda mais longe, com direito a um "documentário" na MTV sobre a vida de Chris.
A ideia chamou muita atenção, mas também foi bem polêmica — e vendeu bem menos que os outros álbuns de Garth Brooks.
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Eminem já é o nome artístico de Marshall Bruce Mathers III. Mas, depois de lançar seu primeiro disco e vender pouquíssimas cópias, o rapper criou o alter ego Slim Shady. Era uma forma de falar todo tipo de barbaridade e externar sentimentos ruins.
Deu muito certo: depois do curto Slim Shady EP, em 1997, Eminem conseguiu um contrato com o famoso Dr. Dre. O projeto completo do personagem, The Slim Shady LP (1999), alçou Eminem à fama mundial. A fama foi tanta que ele chegou a dizer que ninguém mais queria o Marshal — só o Slim Shady.
Contudo, o rapper lançou seu The Marshall Mathers LP (em 2000) e The Eminem Show (2002), com bastante sucesso. Tanto que continua famoso até hoje. E a verdade é que Slim Shady não era tão distante assim do próprio Eminem.
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Para concluir a lista, temos outro personagem criado para o artista falar coisas "politicamente incorretas" e que talvez não pegassem bem. De acordo com Nicki Minaj, Roman Zolanski era um homem gay de Londres. O segundo álbum da rapper, Pink Friday: Roman Reloaded (2012), é todo dedicado a ele — mas é difícil saber onde termina Nicki e começa Roman.