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15/06/2023 às 13:00•2 min de leitura
As agruras do resultado das duas Grandes Guerras do século XX construíram um histórico de rivalidade que persiste entre algumas nações que se enfrentaram e se destruíram entre 1914 e 1945.
Em um período tão violento como foi a Primeira Guerra Mundial, que feriu e matou mais de 25 milhões de pessoas em 3 anos de duração, o cessar-fogo é algo improvável quando nenhum dos lados ergue sua bandeira da paz. Por isso houve um espanto quando os soldados alemães emergiram de suas trincheiras, em 24 de dezembro de 1914, e cruzaram o campo de batalha em direção ao território das tropas aliadas.
Esse episódio ficou conhecido como A Trégua de Natal, quando os soldados deixaram de lado desavenças para celebrar a data sagrada, como se não existisse guerra.
Já durante a Segunda Guerra Mundial, alemães e americanos lutaram juntos contra os nazistas na Batalha pelo Castelo Itter — um dos conflitos mais estranhos da História.
Heinrich Himmler. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
O Castelo Itter, uma construção do século XIX localizada no Tirol do Norte, Áustria, foi transformada em uma prisão em 25 de abril de 1943 por Heinrich Himmler. O intuito era encarcerar membros da elite política e cultural da França. Colocado sob a administração do campo de concentração de Dachau, o castelo abrigou nomes como François de La Rocque, líder de direita e membro da resistência francesa; e Édouard Daladier e Paul Reunaud, ambos ex-primeiros-ministros.
Além desses "VIPs", o castelo também abrigou vários prisioneiros do Leste Europeu destacados de Dachau, que foram usados para manutenção e outros trabalhos braçais no local.
(Fonte: The Unravel/Reprodução)
Conforme se aproximaram os últimos dias do Teatro Europeu da Segunda Guerra Mundial, marcado pela derrocada do nazismo de Adolf Hitler, grande parte da Áustria foi liberta do poder do Terceiro Reich. O Castelo Itter, porém, teria permanecido uma cadeia se um prisioneiro iugoslavo e um cozinheiro tcheco não escapassem e buscassem ajuda aliada para libertar o resto dos cativos.
Eles encontraram o ex-major da Wehrmacht, Josef Gangl, que havia abandonado seu posto para trabalhar com a Resistência Austríaca contra as tropas itinerantes da Waffen SS.
Josef Gangl. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Mas Gangl percebeu que não podia proteger os prisioneiros com apenas 20 soldados leais a sua disposição naquele momento. Portanto, ele hasteou uma grande bandeira branca e se encontrou com a unidade americana mais próxima, o 23º Batalhão de Tanques da 12ª Divisão Blindada dos EUA, liderado pelo capitão Jack Lee. Foi ele quem se ofereceu para liderar a missão de resgate ao castelo.
O conflito se formou na madrugada de 5 de maio de 1945, quando um pequeno grupo de americanos, acompanhado por Gangl e alguns de seus homens, dirigiu-se a Itter e foram atacados pelos soldados da SS, que explodiram o tanque americano.
Josef Gangl foi morto por um franco-atirador nazista antes mesmo que saraivadas de tiros de metralhadora impregnassem o céu noturno por horas até que os americanos e alemães vencessem.
Cerca de 100 homens da SS foram feitos de prisioneiros e levados em caminhões. Se eles tivessem conseguido invadir o castelo antes que os americanos, a história da França do pós-guerra teria sido radicalmente diferente, sobretudo porque aqueles prisioneiros foram responsáveis por formularem políticas que levaram a França ao século XXI. Não dá para saber o que teria acontecido se tivessem sido assassinadas naquele dia.