Ciência
16/06/2023 às 09:00•2 min de leitura
Quando ocorre uma guerra, há muita gente que burla regras para não ter que se alistar. Mas tem o caso contrário: de quem mente para poder se juntar ao embate.
No caso da Primeira Guerra Mundial, um homem chamado John William Boucher mentiu sua idade para poder se alistar. Ele já havia servido durante a Guerra Civil por sete meses, entre 1864 e 1865. 52 anos depois, quando já tinha 72 anos, ele voltou ao campo de batalha para defender seu país.
Nascido no Canadá, ele não teve impedimentos para que pudesse se alistar no exército americano durante a Guerra Civil, ao lado da União. Ele ingressou na 24ª Infantaria de Michigan.
Após o fim da guerra, Boucher voltou ao Canadá, onde constituiu família e desempenhou várias profissões, sendo que seus principais trabalhos foram como vigia noturno e em uma fábrica de carruagens. Mas, já quando era idoso, ainda haveria novidades em sua vida.
(Fonte: Smithsonian Mag)
Em agosto de 1914, já viúvo, Boucher tinha 69 anos e era saudável. Seu principal hobby era pescar. Então, Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, o sujeito sentiu vontade de voltar ao campo de batalha. Mas ocorria um problema: o exército não aceitava homens com mais de 45 anos.
Mesmo assim, ele se direcionou a um posto de recrutamento. Lá, o oficial do alistamento elogiou seu estado físico, mas reforçou que havia um limite de idade, e Boucher foi enviado para casa.
Um ano se passou, e em 1917, o 257º Batalhão Ferroviário Canadense aumentou o limite de idade para 48 anos. Boucher então achou que poderia ter aí uma nova chance. Ele foi a outro escritório de alistamento, se despiu diante do médico e declarou estar na idade limite.
O médico não acreditou. Mas, por ter passado no exame físico, ele conseguiu se alistar como engenheiro militar privado, e foi embarcado para a Europa, onde se juntou ao seu batalhão na França.
Lá, atuando nas trincheiras ferroviárias, ele ganhou o apelido de "pai", o que deixava claro que sua idade era evidente. Seu trabalho envolvia áreas que eram constantemente bombardeadas, e muitas baixas ocorriam em sua tropa.
(Fonte: Smithsonian Mag)
Depois de um tempo, a idade começa a pesar e Boucher manifesta alguns problemas de saúde, sendo então dispensado. Ele retorna a Londres para se recuperar até ser enviado para o Canadá. Na Inglaterra, ele compartilha sua história com muitos militares e pessoas do clero.
Depois de um tempo, recebe uma ordem para ir até o Palácio de Buckingham. Chegando lá, ele recebe os cumprimentos do rei George V por conta de suas contribuições ao país - vale lembrar que o Canadá faz parte da Commonwealth.
Retornando ao Canadá em 1918, ele foi recebido como herói e sua história se espalhou. Curiosamente, o veterano se tornou um palestrante que ia a vários lugares para contar como se tornou o homem mais velho a ir para a guerra.
Engajado nas causas dos veteranos, ele se reuniu a outras pessoas que haviam servido e acabou se tornando um cidadão americano em 1920. Não há dúvida de que ele era realmente vivaz, e costumava se declarar que se sentia como um menino.
A título de curiosidade, John William Boucher só veio a falecer muitos anos depois de sua última experiência em guerras: aos 94 anos, em fevereiro de 1939 - apenas seis meses antes de se iniciar a Segunda Guerra Mundial.