3 conspirações que quase aconteceram

27/06/2023 às 04:003 min de leitura

No livro The Unidentified: Mythical Monsters, Alien Encounters, and Our Obsession With the Unexplained, o autor Colin Dickey destrincha um dos maiores problemas dos Estados Unidos: a cultura paranoica por conspirações que se arrasta por séculos. De acordo com Dickey, para que uma hipótese ganhe repercussão é necessária uma testemunha crível envolvida, um acontecimento que desafia a lógica científica e um escritor à disposição para editar os fatos em uma narrativa pronta para chegar a qualquer lugar.

Todo mundo carrega vários tipos de crenças, porém, aqueles que acreditam em Pé Grande, Lei Marcial, Nova Ordem Mundial, OVNIs, na farsa do primeiro homem na Lua ou até mesmo que a pandemia da covid-19 foi uma construção política só o fazem porque alguém lhes contou sobre isso de uma maneira convincente.

Grupos propagandistas conspiratórios "vomitam" tantas afirmações para apavorar a sociedade, deslegitimar instituições governamentais ou funcionários do governo que, por vezes, a pura ironia do destino quase os faz acontecer. 

Essas são as 3 vezes que conspirações quase aconteceram.

1. A bomba nuclear de Israel no Monte Sinai (1967)

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

A Guerra dos Seis Dias, também conhecida como Guerra de 1967, que aconteceu entre Israel e Egito, começou a partir de uma disputa sobre os direitos da navegação israelense pelo Canal de Suez e pelo Mar Vermelho.

De 5 a 10 de junho de 1967, Israel conseguiu derrotar três exércitos árabes, ganhou território quatro vezes seu tamanho original e se transformou de uma nação lutando pela sobrevivência em uma potência regional. Mas teve outra razão pela qual o conflito se tornou o evento mais pesquisado na história do Oriente Médio moderno: a tensão nuclear.

Quando os israelenses perceberam que o Egito não cairia nessa história de dividir o Mar Vermelho pela segunda vez, eles decidiram optar por uma medida desesperada: explodir o Monte Sinai. Apesar de, naquela época, os cientistas israelenses não terem conseguido construir uma bomba nuclear, eles montaram um dispositivo que poderia ser detonado no solo usando um engenhoso tipo de gatilho.

Como se tivesse saído de um jogo de videogame, o plano era que uma equipe de elite de paraquedistas e cientistas voasse através das linhas inimigas egípcias para o deserto do Sinai, onde montariam o dispositivo no topo do Monte Sinai. A detonação poderia ser vista de todo o deserto, possivelmente até o Cairo, e, com sorte, assustaria os egípcios o suficiente para que recuassem.

É provável que a reconciliação entre Israel e o Egito na década de 1970 fosse mais difícil se o deserto egípcio estivesse contaminado com poeira radioativa.

2. A tentativa de assassinato de Bush (1993)

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Saddam Hussein sempre foi muito odiado pelos Estados Unidos, não é para menos que ganhou a alcunha de o "vilão favorito da América", principalmente quando surgiu a conspiração de que ele queria eliminar o então ex-presidente George H. W. Bush em 1993.

Apesar de Bill Clinton já ser o presidente naquele tempo, Bush ainda exercia sua imensa influência, especialmente após a vitória sobre o Iraque na intensa Guerra do Golfo. Em abril daquele ano, o ex-presidente, seu ex-secretário de Estado, o chefe de gabinete, o secretário do Tesouro, e quase toda a família de Bush estavam no Kuwait para comemorar o triunfo dos EUA.


O plano era detonar um Toyota Land Cruiser com 81 quilos de explosivos ao lado do carro de Bush no estacionamento da Universidade do Kuwait, onde o ex-chefe de Estado faria uma parada. Bush só sobreviveu porque os iraquianos se atrapalharam com seu itinerário e acabaram descobertos pelas autoridades locais.

É provável que se isso tivesse acontecido, a resposta americana teria sido bem maior do que os 23 mísseis lançados por Clinton dois meses depois como forma de retaliação à tentativa de assassinato de Bush. Fica a dúvida se isso teria estabilizado a região ou criado um desastre militar maior que o Vietnã.

3. O quase assassinato de Churchill (1944)

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Se tem um chefe de Estado que foi um problema para o governo grego durante a Segunda Guerra Mundial, esse foi Winston Churchill. Ele fez tropas britânicas invadirem o país, recém-liberto dos nazistas por guerrilheiros comunistas, e ordenou o seu desarme. Para piorar o cenário, os britânicos rearmaram colaboradores nazistas e gangues fascistas de rua para restabelecer ao poder seu antigo amigo, o rei George II da Grécia.

Isso causou a revolta dos revolucionários, que entraram em um confronto com as tropas britânicas e os colaboradores gregos. Apesar de muitos guerrilheiros terem sido lançados em campos de concentração, foi montado um plano de retaliação pelo líder da resistência, Manolis Glezos.

Ele armou uma equipe com uma enorme bomba e a fez se rastejar por horas pelos esgotos para plantá-la sob o quartel-general militar britânico no Hotel Grande Bretagne, em Atenas. O que Glezos não sabia, no entanto, é que Churchill havia voado de última hora para a cidade na tentativa de controlar a indignação britânica com a situação na Grécia.

A bomba estava conectada e pronta para ser detonada quando a liderança comunista percebeu a chegada do ex-primeiro-ministro. Recusando-se a matar um dos "Três Grandes" aliados e dar uma dianteira a Hitler, o plano de ataque foi cancelado no último momento.

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