Artes/cultura
17/07/2023 às 02:00•3 min de leitura
As histórias da rainha Mary I da Inglaterra e de sua meia-irmã, a rainha Elizabeth I, são bastante difundidas por aí. No entanto, poucas pessoas já ouviram falar em quem as precedeu no trono da realeza britânica: a jovem Lady Jane Grey, conhecida como a "Rainha dos Nove Dias" pelo tempo que passou no poder.
Jane tornou-se monarca após a morte de Edward VI, mas sua liderança só durou um pouco mais de uma semana. Em termos gerais, ela passou a maior parte de sua vida como um peão para homens poderosos ao seu redor e nunca teve governabilidade.
(Fonte: GettyImages)
Nascida por volta de 1537, Lady Jane Gray sempre teve uma posição privilegiada na família real. Sua mãe era filha da irmã do rei Henry VIII, o que fazia Jane ser uma prima distante dos filhos do monarca, Mary, Elizabeth e Edward. Sua conexão com Henry também fez com que ela fosse assunto de interesse para homens sedentos por poder.
Após a morte de Henry em 1547, quem assumiu o trono da Inglaterra foi Edward VI, aos 9 anos. Um Conselho de Regência interveio para ajudar o novo monarca e John Dudley surgiu como seu líder. Posteriormente, Dudley arranjou o casamento de Jane com seu filho, Lord Guildford Dudley, em maio de 1553.
Segundo os livros de história, John Dudley sabia que Edward possuía uma doença séria e poderia morrer em breve. E como o monarca queria que seu sucessor fosse um homem protestante, deserdou suas meias-irmãs e nomeou sua prima Lady Jane como a próxima na linha de sucessão — tendo em mente que ela passaria a coroa para seus filhos.
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O dia 6 de julho de 1553 marcou a morte de Edward VI, aos 15 anos. Três dias após a sua morte, Lady Jane Gray foi convocada para uma reunião secreta na casa de seu sogro, onde descobriu que seria a próxima rainha da Inglaterra. Tamanha a surpresa com os acontecimentos fizeram com que ela desmaiasse na frente de todo mundo, uma vez que nunca havia sido alertada dos desejos do antigo monarca.
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Segundo os historiadores, a primeira reação de Jane sobre assumir o trono seria de incerteza. A nova rainha teria declarado aos presentes na reunião secreta "sua insuficiência para assumir o cargo". Além disso, ela teria se lamentado profundamente pela morte de um príncipe tão nobre e implorou a Deus para que a ajudasse em sua nova trajetória de vida: governar seu povo para a vantagem de seu reino.
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No dia 10 de julho, Jane entrou na Torre de Londres, onde os novos monarcas sempre aguardavam a coroação. Contudo, o sentimento geral não era positivo. Sua nomeação não tinha grande aprovação geral e, sobretudo, da família de Edward, que fora renegada. Mary, a filha mais velha de Henry VIII, imediatamente escreveu uma carta ao Conselho Privado afirmando que seu pai tinha o desenho que ela fosse a segunda na linha de sucessão ao trono depois de Edward VI — não Jane.
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Para o azar de Lady Jane Grey, Mary não era a única pessoa que desaprovava sua coroação. Não demorou muito para que outros membros da nobreza britânica se manifestassem e desejassem sua queda. Mediante tamanha revolta, o Conselho Privado rapidamente mudou seu apoio de Jane para Mary.
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Se a Torre de Londres deveria ser o local onde Lady Jane seria consagrada rainha da Inglaterra, o local instantaneamente se transformou em uma prisão. Em novembro de 1553, Lady Jane Gray e seu marido foram considerados culpados de alta traição e condenados à morte. Contudo, Mary — que a essa altura já se preparava para ser a nova rainha — permitiu que os dois mantivessem suas vidas e permanecessem como prisioneiros no local.
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Como citado anteriormente, o desejo de Edward é que a monarquia inglesa continuasse nas mãos de protestantes — o que trouxe momentos de terror para Mary. Enquanto ela, uma católica, preparava-se para se casar com o também católico Filipe II da Espanha, um grupo de protestantes se levantou contra a nova rainha.
Embora os rebeldes tenham sido rapidamente reprimidos, sua revolta mostrou à realeza o perigo de deixar Lady Jane Gray, a Rainha dos Nove Dias, viver.
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Como passo final, Mary tomou uma decisão: ela ofereceu a Jane e seu marido a escolha de se converter ao catolicismo ou morrer. Prontamente o casal recusou e ambos foram novamente condenados à morte. No dia 12 de fevereiro de 1554, Guildford foi executado em praça pública.
Em sequência seria a vez de Jane, que pediu ao carrasco para que "despachasse-a rapidamente". Seus momentos finais foram retratados na pintura a óleo de 1883 de Paul Delaroche, "A Execução de Lady Jane Gray".
(Fonte: Wikimedia Commons)
Após ter presenciado a morte de seu amado, Lady Jane Grey deitou-se para sua execução. Ela tinha cerca de 17 anos quando a lâmina afiada atingiu seu pescoço e acabou com sua vida. Nos séculos seguintes a sua morte, os protestantes passaram a vê-la como uma mártir, sobretudo na hora de se revoltar contra Mary I — apelidada de "Bloody Mary".
Embora Jane tenha ficado no comando da Inglaterra por singelos nove dias, sua importância histórica para cenário político e religioso do país é muito maior do que qualquer coisa.