Ciência
19/07/2023 às 12:00•3 min de leitura
O dia 20 de julho deste ano marca 79 anos de um plano que tinha tudo para ser histórico. Nessa data, em 1944, Adolf Hitler e diversos oficiais militares nazistas do mais alto escalão se reuniram na Toca do Lobo em Rastenburg, na Prússia Oriental, para discutir novas estratégias visando mudar o rumo da Segunda Guerra Mundial.
Ao mesmo tempo, um grupo de revolucionários alemães havia traçado um plano para detonar uma bomba na sala de reuniões, matar o Führer e potencialmente salvar milhares de vidas adicionais ao desestabilizar por completo a liderança do governo nazista. Contudo, a ideia acabou não dando certo por razões que poderiam ter sido evitadas e outras que nunca foram explicadas.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Tudo começa no verão de 1944, quando uma parte considerável da população alemã, incluindo vários líderes militares seniores do país, já estava perdendo as esperanças de que o Eixo poderia sair vitorioso da guerra. Então, muitos passaram a culpar Hitler pelo fracasso iminente que carregava o país ao desastre.
Para reverter o cenário, diversos políticos notáveis e altos oficiais militares arquitetaram um plano para assassinar o líder do Terceiro Reich, plantando uma bomba durante uma reunião na Toca do Lobo — um dos principais quartéis militares do Führer. O plano foi batizado de Conspiração de Julho, também chamado de Operação Valquíria.
A ideia era que, assim que Hitler estivesse morto, os revolucionários alegariam que o assassinato fazia parte de uma tentativa de golpe do Partido Nazista, o que daria uma brecha para o Exército da Reserva tomar conta das instalações importantes de Berlim e prender as mais altas lideranças nazistas que ainda sobreviviam à Segunda Guerra.
Um novo governo, então, seria estabelecido por Carl Friedrich Goerdeler como chanceler da Alemanha e Ludwig Beck no papel de presidente. O objetivo principal seria negociar o fim da guerra, de preferência com condições favoráveis aos alemães.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Segundo historiadores, os revolucionários teriam selecionado Claus von Stauffenberg, um jovem coronel do exército alemão, para realizar a tentativa de assassinato. Embora não fosse um membro oficial do partido nazista, Claus era um nacionalista alemão comprometido com a causa. Logo, ele passou a acreditar que ser dever patriótico era livrar a Alemanha de Adolf Hitler se isso significasse que seu país seria salvo.
No dia 20 de julho de 1944, Stauffenberg chegou a Toca do Lobo com uma ideia concreta. Os conspiradores esperavam que a reunião dos líderes nazistas ocorresse em um bunker subterrâneo de concreto e sem janelas, fechado por uma pesada porta de aço. Ao garantir que o encontro acontecesse nessa instalação, uma explosão inevitavelmente mataria qualquer pessoa nas proximidades.
Contudo, o dia marcado para a Operação Valquíria apresentava um calor insuportável, o que fez com que a reunião fosse movida para um bunker de madeira acima do solo e com circulação de ar. Mesmo assim, carregando uma pasta com os explosivos, Stauffenberg tentou se sentar o mais perto de Hitler para garantir que a explosão seria fatal.
O revolucionário colocou a mala o mais perto possível do Führer e, a pretexto de um telefonema pessoal, saiu da sala. Nesse meio tempo, outro militar ocupou seu lugar e involuntariamente moveu os explosivos para o outro lado de uma pesada mesa de madeira.
(Fonte: GettyImages)
Precisamente às 12h42, a bomba detonou e o pânico se instalou entre os nazistas. Ao todo, um soldado foi morto instantaneamente e 20 outras pessoas ficaram feridas, incluindo três policiais que mais tarde morreram vítimas dos ferimentos. Hitler, por sua vez, foi protegido pela pesada mesa de madeira e sobreviveu com apenas alguns arranhões e um tímpano perfurado.
Por conta da falta de comunicação clara entre os conspiradores, juntamente da transmissão do fato de que Adolf Hitler ainda estava vivo, a Conspiração de Julho foi completamente desvendada. Na mesma noite, o general Friedrich Fromm convocou uma corte marcial improvisava e condenou todos os revolucionários à morte.
Ludwig Beck cometeu suicídio antes e de ser capturado, enquanto todos os outros membros foram executados por um pelotão de fuzilamento. Por mais que o acaso e os erros de planejamento tenham culminado no fracasso da Operação Valquíria, os conspiradores estavam certos de que a Alemanha rumava para a derrota. Menos de um ano depois do dia 20 de julho de 1944, o Führer e todos seus assessores mais próximos se suicidaram.