Ciência
23/08/2023 às 04:00•2 min de leitura
Os chamados Templos da Humanidade são nove construções ornamentadas, construídas sob a terra em diferentes níveis, e conectados entre si por centenas de metros de túneis. Como se fossem capítulos de um livro subterrâneo, eles contam a história da humanidade, utilizando diversas formas de arte.
Compondo uma catedral subterrânea, o conjunto localizado na encosta dos Alpes, a 50 quilômetros da cidade de Turim, no norte da Itália, é hoje "o coração de uma realidade, o centro histórico de Damanhur, a capital da federação internacional com cinco comunidades, abrangendo 1,5 mil pessoas em todo o mundo", explica Reel Barys Elleboro, atual embaixador, à BBC.
A obra cavada manualmente na rocha fica embaixo da ecovila e comunidade espiritual que adotou o nome do antigo templo subterrâneo egípcio de Damanhur, que significa "Cidade da Luz", e é consagrado a Hórus, o deus mítico da ressurreição e renovação.
(Fonte: Damanhur)
A história dos Templos da Humanidade começou em agosto de 1978, quando o corretor de seguros e artista Oberto Airaudi (1950–2013) — mais tarde conhecido como Falco Tarassacose — juntou um grupo de 28 pessoas que passou a cavar, em segredo, uma montanha durante a noite. Dezesseis anos depois, a maior construção subterrânea do mundo estava concluída.
Durante esse tempo, a equipe de voluntários de Damanhur foi aumentando e, no ano 2000, já eram 800. Feitos de pedra, madeira e vidro, os templos são decorados com esculturas, murais, afrescos e mosaicos. O primeiro deles, chamado de Sala dos Espelhos, é dedicado à luz, ao ar, ao céu e ao sol.
Há ainda o Salão das Águas, dedicado às forças divinas femininas; o Salão da Terra, com duas salas circulares com cores solares; e o Salão dos Metais com oito janelas feitas de metais preciosos. O coração dos Templos — a Sala das Esferas — é coberta com folhas de ouro e precede o Labirinto, que traça uma história icônica da humanidade. Finalmente, o Templo Azul foi todo esculpido à mão com martelos e cinzéis e é o princípio dos Templos.
"Durante os primeiros 15 anos, isso permaneceu em segredo, porque na Itália não havia nenhuma lei que permitisse a construção de estruturas subterrâneas privadas", declarou Elleboro à BBC. Para garantir o sustento da comunidade, foram criadas pequenas empresas cooperativas, que resultaram em padarias, vinhedos, livrarias e lojas.
Mas, mesmo com todas as precauções adotadas, o segredo dos templos veio à tona em 1992, e o local foi invadido por um procurador estadual que ameaçou detonar toda a encosta. "Eles vieram com dinamite, mas quando viram cada câmara [...], emocionaram-se até às lágrimas", diz a residente Espéride Ananás no livro Damanhur: Templos da Humanidade.
Hoje, os Templos da Humanidade representam uma das principais atrações turísticas da Itália. Eles são usados para cerimônias e rituais religiosos, e abertos para visitas a todos os habitantes da Terra.