Ciência
19/10/2023 às 11:00•2 min de leitura
A pintura Children Wading, do pintor escocês Robert Gemmell Hutchison, roubada há mais de 30 anos, foi redescoberta e voltou para sua cidade natal, Glasgow. O quadro foi roubado durante a invasão ao museu Scotland’s Haggs Castle Museum of Childhood, em 1989.
Na época, os ladrões utilizaram escadas para subir em uma janela do segundo andar e entrar no museu. Eles levaram bonecas de porcelana, um jarro precioso e a pintura a óleo, avaliada na época em 8 mil libras, cerca de R$ 49 mil.
"Children Wading" (1918) de Robert Gemmell Hutchison. (Fonte: Glasgow Museums Collection/Reprodução)
A descoberta da obra só foi possível graças à instituição Art Loss Register, uma organização que busca, categoriza e identifica obras de arte roubadas, perdidas ou saqueadas. O grupo surgiu para ajudar as casas de leilão a não negociarem obras roubadas, algo que, infelizmente, se tornou comum no mundo da arte.
O Art Loss Register já tem mais de 700 mil obras cadastradas no seu banco de dados. A obra Children Wading chegou ao cadastro da instituição em 2014, quando o órgão responsável pelos Museus de Glasgow adicionou milhares de obras perdidas no cadastro.
A pintura estava programada para aparecer em um leilão na Tennants Auctioneers, em North Yorkshire, Inglaterra. Depois de informados que a obra era roubada, os atuais donos abriram mão e se propuseram a enviar a obra imediatamente para o museu roubado.
Infelizmente, passou-se tanto tempo desde o roubo que o museu original já foi fechado. A obra, portanto, poderá ser vista pelo público em visitas ao Glasgow Museums Resource Center, onde ficam armazenadas obras que não estão em exposição.
A obra Children Wading foi criada pelo pintor Robert Gemmell Hutchison em 1918 e retrata duas garotas brincando na água. Segundo os especialistas, é impossível traçar o caminho que a obra percorreu depois do roubo até chegar ao leilão. Sem registros de compra há anos, nenhum crime será investigado em relação à posse da obra pela casa de leilão.
Pinturas roubadas não são novidade, mas está ficando cada vez mais difícil para os criminosos conseguirem lucrar com a atividade. Instituições como o Art Loss Register estão reunindo bases de dados de governos e de outras companhias privadas e cruzando informações sobre os roubos. Assim, obras perdidas estão sendo facilmente identificadas quando aparecem em leilões.
Para as casas de leilão é um embaraço estar em posse de uma obra roubada, portanto mais medidas e mais consultas estão sendo feitas na hora de comprar.
Resta aos ladrões vender as obras a indivíduos que não sabem que estas são roubadas. Christopher Marinello, fundador do Art Recovery International, disse em entrevista ao The New York Times que muitas pessoas famosas têm obras roubadas em sua coleção privada sem saber. As obras ficam expostas em propriedades particulares por décadas até que passam para uma próxima geração. Os novos donos podem tentar vender as obras ou catalogá-las e só então percebem que se trata de um item roubado.