Ciência
30/11/2023 às 08:00•2 min de leitura
Dentre as espécies de animais produzidas com pelúcia, a mais tradicional, sem dúvida, é o urso. E por que será que isso acontece? Por incrível que pareça, a história destes ursinhos remete a um presidente norte-americano: Theodore Roosevelt.
O ano era 1902, e Roosevelt, que era conhecido como Teddy, estava participando de uma caçada no estado de Mississípi. Como o presidente não havia conseguido atirar em nada, ao final do evento, os caçadores presentes capturaram um urso já velho e o amarraram em uma árvore para Roosevelt o matasse.
Contudo, o presidente recusou a oferta, e disse considerar pouco esportivo matar um animal indefeso. Isso fez com que vários jornais fizessem artigos sobre o acontecimento. O Washington Post, inclusive, publicou um cartum criado por Clifford K. Berryman em que Roosevelt virara as costas para o urso e saía.
(Fonte: GettyImages)
Inspirados pelo cartum, um casal de Nova York, formado por dois imigrantes russos, tiveram a ideia de criar um urso de pelúcia. Rose e Morris Mitchom eram donos de uma loja de doce e começaram a vender lá um brinquedo chamado Teddy's Bear. Eles pediram a autorização do presidente e, inacreditavelmente, já que Roosevelt odiava o apelido, a receberam.
A demanda pelo ursinho cresceu muito e eles começaram a produzir cada vez mais em sua fábrica. Nesta mesma época, uma empresa alemã chamada Steiff de Giengen estava também criando ursos de pelúcia. Em 1903, a Steiff vendeu 3 mil exemplares para uma loja em Nova York, que logo virou um grande sucesso entre as crianças.
(Fonte: GettyImages)
Mas nem todo mundo ficou feliz com a novidade. Muita gente temia que a paixão por ursos de pelúcia fizesse com que as meninas parassem de desejar bonecas – que, pelo que se acreditava, serviam para educá-las para a maternidade. Portanto, havia o medo que a febre dos ursos desencorajasse novas mães e acarretasse uma queda de natalidade.
Em 1907, um reverendo chamado Michael G. Esper fez um alerta para a sua congregação de que “a moda de substituir as boas e velhas bonecas de nossa infância pela horrível monstruosidade conhecida como ursinho de pelúcia” faria com que menos bebês nascessem. Isso gerou uma espécie de paranoia na qual vários grupos se envolveram.
Os ursos de pelúcia, por outro lado, se adequavam a um movimento vigente que, de acordo com o historiador Gary Cross, no livro Kids' Stuff: Toys and the Changing World of American Childhood, envolvia uma visão mais tolerante e permissiva da infância. Segundo escreve Cross, havia uma “disposição para permitir que as crianças permanecessem infantis por um longo período”.
Assim, os brinquedos passaram a estimular um aumento na fabricação de produtos para crianças, fomentando um novo mercado que crescia por conta da diminuição do trabalho infantil. Os ursos começaram então a ser adotados como um sinônimo de conforto para tempos difíceis – tanto que, durante as guerras, muito soldados levavam os seus em suas mochilas para poder abraçá-los sempre que precisassem.