Ciência
27/05/2024 às 20:00•2 min de leituraAtualizado em 19/06/2024 às 10:13
“Os grandes porquês da humanidade” é uma série de matérias do Mega Curioso que pretende encontrar motivos plausíveis e científicos para perguntas que costumamos nos fazer, das mais óbvias às mais inusitadas. Confira no fim da matéria outras respostas incríveis para nossas maiores dúvidas!
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Quem é fã ou estudioso de arte clássica sabe que nada se compara às estátuas egípcias, gregas e romanas na cultura ocidental. Elas não só fundaram um novo tipo de técnica artística, mas também reapresentaram uma nova forma de compreender e exaltar a beleza do corpo humano. Muitos desses padrões prevalecem até hoje.
No entanto, quando finalmente conseguimos visitar alguns lugares onde esses pilares da arte estão expostos, um detalhe logo nos chama a atenção: onde foram parar os narizes de todas essas figuras maravilhosas?
A princípio, podemos pensar que se trata apenas da ação deletéria do tempo, afinal a maioria dessas obras tem milhares de anos, e é natural terem se desgastado por erosão, quebra no transporte ou até pela ação voluntária de algum vândalo maluco — ou visigodo — nervosinho. Mas há algumas teorias filosóficas, teológicas e políticas nas quais talvez valha a pena metermos o nariz.
“As partes salientes das esculturas, como narizes, braços, cabeças e outros apêndices, são quase sempre as primeiras a se quebrarem”, explica o pesquisador Spencer McDaniel, da Universidade Brandeis, nos EUA, à plataforma IFLScience. Nesse caso, quando uma estátua cai de frente no chão, o primeiro impacto é realmente no nariz.
Já o professor de clássicos da Universidade de Nottingham, Mark Bradley, pensa diferente. Em um artigo de 2016, para o blog Effaced From History, que aborda as diferenças faciais desde a antiguidade, ele afirma: “Um número esmagador [de narizes] foi deliberadamente alvo de ataques”.
Para ilustrar sua tese, Bradley cita o busto de um sobrinho do imperador Tibério, que teve o nariz claramente cinzelado, e uma cruz esculpida na testa pelos primeiros cristãos, por ser um retrato pagão, diz o professor. O mesmo destino iconoclasta foi aplicado a uma estátua de Afrodite, do Museu Arqueológico Nacional de Atenas: sem nariz e com uma cruz na testa.
Alguns especialistas acreditam que, no caso dos egípcios, a razão para a mutilação de estátuas pode ter sido mística. Como os adoradores acreditavam que essas imagens tinham uma “força vital” própria, seus inimigos imaginavam que, destruindo a estátua, desativariam esse poder.
No caso das civilizações mais recentes, inclusive no Império Bizantino, a mutilação e a remoção do nariz era uma punição bastante comum aplicada a infratores e governantes depostos na vida real, explica Bradley.
Quando nos escandalizamos com todos esses comportamentos bizarros, é bom lembrar que, nos dias de hoje, muito dessa iconoclastia revanchista permanece. Em dezembro de 2013, por exemplo, manifestantes ucranianos que defendiam uma maior integração do país com a União Europeia, derrubaram de propósito uma estátua de Lenin, em Kiev. Mas, neste caso, o nariz de Vladimir ficou intacto.
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