Vida poderia ter surgido no planeta antes de a Terra terminar de se formar

02/05/2019 às 03:003 min de leitura

O consenso entre os cientistas é o de que os primeiros organismos surgiram no nosso planeta há cerca de 3,8 bilhões de anos, ou seja, por volta de 700 milhões de anos após a formação da Terra ser (mais ou menos) concluída. Além disso, os “ingredientes” necessários para a vida podem ter chegado até aqui de carona com cometas, asteroides e outras rochas espaciais.

Entretanto, uma pesquisadora apresentou um estudo recentemente em que sugere que a vida pode ter surgido na Terra bem antes do que isso – antes mesmo de o nosso mundo ter terminado de se formar completamente –, e ela também propõe que os materiais fundamentais para que a vida surgisse já estavam armazenados por aqui há muito tempo.

Colisões e trombadas

De acordo com Mike Wall, do site Live Science, essa é a proposta de Lindy Elkins-Tanton, uma cientista planetária da Universidade Estadual do Arizona, que sugere que os ingredientes necessários para o surgimento de formas de vida já existiam no planeta dezenas de milhões de anos antes de a Terra concluir a sua formação, quando o nosso mundo ainda consistia em um planetesimal, isto é, quando o planeta ainda era um corpo rochoso em desenvolvimento, na época em que o Sistema Solar ainda estava se organizando.

(Reprodução / Astrobites)

Uma das teorias mais largamente aceitas sobre a formação dos planetas é que eles começam a se estruturar a partir da colisão de partículas cósmicas – que vão se agregando gradualmente até comporem objetos de dimensões suficientes para ter gravidade e atrair mais material e outros corpos semelhantes. Então, aos poucos, conforme mais e mais colisões acontecem entre planetesimais, e mais fragmentos vão sendo atraídos, os corpos vão ganhando tamanho até que, no transcorrer de milhões ou bilhões de anos, esse material todo forma um planeta.

Pois para a pesquisadora, que está no comando de uma missão da NASA focada em visitar um asteroide metálico chamado Psyche, é possível que alguns planetesimais tenham mantido as condições necessárias e contivessem os ingredientes fundamentais para que a vida (como conhecemos) pudesse evoluir – sendo eles moléculas orgânicas como os aminoácidos, por exemplo, água em sua forma líquida e algum tipo de fonte de energia.

Segundo explicou Lindy, é possível que a Terra tenha sido um desses casos, uma vez que nem todos os planetesimais se envolvem em colisões catastróficas capazes de destruí-los completamente ou transformá-los em plasma ou o que quer seja (que depois se resfria e passa a fazer parte da composição do planeta).

(Reprodução / EurekAlert! / NASA / JPL-Caltech)

No caso dos primórdios do Sistema Solar, pode ter ocorrido de os planetesimais terem “derretido” apenas parcialmente após as colisões, de dentro para fora, gerando a formação de um núcleo metálico envolto por um manto de magma e uma crosta primitiva. Assim, os corpos resultantes dos impactos teriam um interior incrivelmente quente, mas uma superfície relativamente fria, e a emissão de calor a partir do núcleo pode ter forçado a liberação de fluidos e outros materiais até as camadas mais exteriores do planeta em formação.

A pesquisadora acredita que esse processo todo pode ter dado origem às condições adequadas para o surgimento de organismos sob a superfície rochosa dos planetesimais – e que esse ambiente tenha se mantido preservado por milhões de anos. Nesse sentido, simulações revelaram que, no caso de planetesimais com até 50 quilômetros de diâmetros, é possível que a água em estado líquido pudesse se manter preservada debaixo da camada mais externa por até 15 milhões de anos, e que no de corpos maiores, esse tempo fosse de mais ou menos 50 milhões de anos.

Ideia a se explorar

Vale destacar que, em primeiro lugar, não se pode afirmar que esse intervalo de tempo tenha sido suficiente para que a vida pudesse evoluir na Terra. Isso porque ainda não se sabe exatamente quando os primeiros organismos surgiram, visto que, vira e mexe, aparecem evidências que derrubam os limites conhecidos – para se ter ideia, alguns vestígios sugerem que os primeiros microrganismos apareceram entre 4,1 e 4,36 bilhões de anos atrás por aqui!

(Reprodução / NASA / JPL-Caltech)

Além disso, o estudo de Lindy consiste em uma teoria cujo propósito é o de apresentar mais um cenário para discussão sobre a formação dos planetas, a origem da vida e sua possível propagação pelo Sistema Solar. Ademais, a cientista espera que a sua proposta permita que outras pesquisas sejam desenvolvidas e que mais corpos celestes se tornem foco da busca por evidências da possível presença de organismos vivos.

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