Crânio minúsculo ajuda a desvendar mistérios sobre a evolução cerebral

29/08/2019 às 10:002 min de leitura

O pequeno crânio que você viu na imagem acima pertence a um primatinha extinto – da espécie Chilecebus carrascoensis – que viveu há 20 milhões de anos e foi encontrado aqui na América do Sul. E o que ele tem de especial? Pois, além de ser bonitinho (não parece um chaveiro?) e estar superbem preservado, o fóssil pode ajudar a responder questões sobre como os nossos cérebros evoluíram e se tornaram tão grandes.

Por que o crânio é tão importante?

Os seres humanos, como você pode conferir na ilustração a seguir, têm cérebros excepcionalmente grandes quando comparados aos de outros animais e até mesmo aos dos primatas. Entretanto, os cientistas não sabem quando, exatamente, essa característica começou a se desenvolver – e uma dificuldade em se estudar a evolução cerebral é que não existem cérebros de milhões de anos dando sopa por aí para serem estudados.

(Fonte: IFLScience!/Xiaocong Guo/Xijun Ni/Reprodução)

O crânio pequenino pertence a um primata da ordem Anthropoidea – e os animais dessa ordem se dividem em duas famílias: a dos Macacos do Velho Mundo ou Catarrinos, que engloba os gorilas, orangotangos, bonobos e humanos, entre outros, e a dos Macacos do Novo Mundo ou Platirrinos, que inclui criaturas como saguis, bugios, macacos-prego e macacos-aranha, por exemplo.

Segundo os cientistas, ambas famílias se originaram a partir de um ancestral comum há 36 milhões de anos e, apesar de terem se divido e continuado evoluindo separadamente, tanto os catarrinos como os platirrinos compartilham muitas características. O craniozinho de 20 milhões de anos pertence à segunda família, ou seja, à dos platirrinos, e, por conta da falta de fósseis em bom estado, existem bem poucos estudos sobre esses animais. Mas sabe-se que eles estão entre os primeiros a divergirem do tal ancestral comum, o que faz do fóssil um exemplar ímpar para o estudo da evolução cerebral dos primatas.

Descobertas

A vantagem de ser ter crânios tão bem preservados é que eles permitem que os cientistas possam deduzir com um alto índice de precisão quais estruturas cerebrais eles abrigaram. No caso do fóssil, uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, do Museu Americano de História Natural e da Academia Chinesa de Ciências criou modelos tridimensionais e concluiu que os cérebros de primatas da ordem Anthropoidea aumentaram e diminuíram de tamanho ao longo de milhões de anos – e que a evolução do órgão ocorreu de forma muito mais complexa e inconstante do que se pensava. Veja o modelo a seguir:

Mais especificamente, os cientistas reconstruíram o que deveria ser o cérebro dos C. carrascoensis e notaram que as criaturas possuíam bulbos olfativos pequenos – sugerindo que elas não tinham o sentido do olfato muito apurado – e que essa característica não era compensada por um sistema visual mais complexo, que também era pequeno. Essa observação vai na contramão do que se acreditava como padrão para os cérebros dos primatas, de que pequenos centros olfativos deveriam ser compensados por centros visuais maiores e vice-versa.

(Fonte: Science Advances/Reprodução)

Ademais, depois de estabelecerem o quociente de encefalização filogenética – ou a razão entre o tamanho do cérebro com relação ao corpo – os pesquisadores descobriram que os C. carrascoensis tinham cérebros proporcionalmente pequenos. Para se ter ideia, enquanto o quociente desses animais era de 0,79, o da maioria dos primatas atuais fica entre 0,86 e 3,39, e o dos humanos, bate os 13,46.

E mais: ao comparar o coeficiente dos C. carrascoensis com os de outros integrantes da ordem Anthropoidea – extintos e vivos –, os cientistas observaram variações no decorrer dos milênios, revelando que os cérebros dos primatas aumentaram de tamanho, voltaram a “encolher” e aumentaram novamente inúmeras vezes. E o dos humanos nessa história? As análises apontaram que o cérebro dos Homo sapiens sofreu um rápido e dramático aumento de tamanho ao longo de 7 milhões de anos, que representa um espaço de tempo bastante curto do ponto de vista evolutivo.

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