
Ciência
03/03/2020 às 10:00•2 min de leitura
Geocientistas da Universidade de Bonn, na Alemanha, encontraram um fóssil raro de um lagarto do gênero Anolis, datado de 15 a 20 milhões de anos. Preservado em âmbar, é uma pequena pata dianteira com detalhes bastante visíveis por meio de microscópio, caracterizando um importante achado e um grande passo para um melhor entendimento sobre os processos de fossilização. A publicação da descoberta foi realizada no site PLOS ONE.
Segundo a equipe de pesquisadores, o fóssil, encontrado em região da República Dominicana, encontra-se em bom estado de conservação, apesar de boa parte dos ossos estarem decompostos e com as propriedades químicas modificadas — possivelmente por conta da ação de intempéries e de micro-organismos. Ele estava em um envoltório de âmbar, resina de árvore que endurece com o tempo e um dos melhores conservantes naturais de espécies fósseis.
A descoberta ganha aspectos de raridade quando, historicamente, percebe-se que o âmbar presente engloba, em sua quase totalidade, animais invertebrados, como insetos, sendo poucos (ou quase inexistentes) os casos nos quais a substância armazena uma espécie de animal invertebrado como o lagarto Anolis — que teve sua pata preservada em um pedaço de apenas 2 centímetros cúbicos de tamanho. "As inclusões de vertebrados em âmbar são muito raras, a maioria são fósseis de insetos", diz Jonas Barthel, um dos cientistas e autores do estudo.
Análises de microtomografia realizadas na pata do lagarto apresentaram resultados interessantes sobre sua história, pois estava quebrada em 2 locais e acompanhada de inchaço em uma das lesões, sugerindo que o animal foi atacado por algum predador natural. Além disso, foi observado que, apesar de o fóssil apresentar cerca de 20 milhões de anos, a visibilidade de seu membro indica que a resina pode ter pingado sobre o animal recentemente.
Mesmo aparentemente bem preservado, o âmbar não suportou a estrutura do animal, podendo ter, em certas escalas, acelerado o processo de degradação do fóssil, tornando indetectável o reconhecimento de moléculas como proteínas. "Isso é surpreendente, porque assumíamos que o âmbar protegia bem o fóssil de influências do ambiente", disse Jonas Barthel.
Atualmente, "as análises finais ainda estão pendentes", segundo autor do estudo.