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Por que não é possível misturar sangues de tipos diferentes?

08/04/2020 às 10:005 min de leitura

O sangue é um dos tecidos conjuntivos mais importantes do corpo humano, responsável por fornecer nutrientes, oxigênio, hormônios, anticorpos e muito mais para as células, garantindo que funcionem de maneira eficaz e retirando delas os metabólitos e o gás carbônico. Cada tipo sanguíneo tem suas próprias características, que podem causar estragos se estiverem no corpo errado, por isso é muito importante conhecer cada um deles e o motivo de não ser possível misturá-los.

(Fonte: Pixabay/Reprodução)(Fonte: Pixabay)

Entendendo o sangue

Os dois principais tipos de células que compõem o sangue são glóbulos vermelhos e brancos. Os glóbulos vermelhos representam quase 45% do volume sanguíneo, enquanto a presença dos brancos chega a ser menor que 1%. Os outros aproximados 55% são conhecidos como plasma sanguíneo, a parte líquida responsável por carregar as células para todo o corpo.

(Fonte: Pixabay/Reprodução)(Fonte: Pixabay)

Os glóbulos vermelhos, ou hemácias, são responsáveis por transportar oxigênio dos pulmões aos tecidos, mantendo a perfusão tissular adequada, e levar o CO2 dos tecidos aos pulmões. A hemoglobina, que constitui 95% das proteínas das hemácias, é a responsável por essas funções.

(Fonte: Shutterstock/Reprodução)(Fonte: Shutterstock)

Já os glóbulos brancos são divididos em cinco tipos principais: neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos. Cada um desempenha um papel no tipo de infecção que o corpo está tentando combater. Por exemplo, os neutrófilos matam bactérias ao ingeri-las, no processo chamado de fagocitose. Se alguém tiver uma infecção bacteriana, a porcentagem de neutrófilos no sangue se eleva.

Normalmente, a concentração dessas células é de aproximadamente 4 mil a 10 mil por microlitro de sangue. Se esse número aumentar, provavelmente significa que existe uma infecção e que o corpo está tentando combatê-la. É por isso que os médicos costumam pedir exames de sangue para entender qual é o problema do paciente, pois a contagem desses glóbulos ajuda a diminuir as possíveis causas da doença.

Por que existem tipos sanguíneos?

Existem oito tipos principais de sangue separados em quatro grupos (A, B, AB e O), com mais de 90% da população mundial se enquadrando em um deles. Se você ficou se perguntando por que O e não, por exemplo, C, para ficar ABC, saiba que originalmente era dessa forma, mas foi alterado para a letra O em algumas regiões e para o número 0 em outras, para significar zero ou nulo.

(Fonte: Pixabay/Reprodução)(Fonte: Pixabay)

O tipo sanguíneo que herdamos normalmente está ligado ao de nossos pais, mas pode haver exceções: pacientes que receberam transplante de medula óssea de alguém com um tipo diferente, eventualmente, terão seu tipo de sangue modificado — mas ainda assim existem advertências quanto a esses casos.

O motivo pelo qual há tantos tipos ainda não é totalmente compreendido, mas já foi observado que eles desempenham um papel importante na suscetibilidade, ou na falta dela, a certas doenças e condições. Por exemplo, a malária parece ter contribuído muito para o tipo O ser tão importante em lugares como a África, onde cerca de 51% da população se enquadra nessa categoria. Sendo assim, por diversos motivos, ter sangue tipo O geralmente pode significar que você não ficará tão doente se tiver essa doença.

De qualquer forma, os tipos sanguíneos são agrupados pela presença ou pela ausência do que é conhecido como antígeno, que são substâncias que fazem com que o sistema imunológico crie anticorpos, cuja função essencial é reconhecer invasores. Basicamente, os anticorpos trabalham como exterminadores para o sistema imunológico, destruindo qualquer coisa que ele julgue ser uma ameaça.

Seus anticorpos ao menor sinal de invasão de um corpo estranho. (Fonte: IMDb/Reprodução)Os anticorpos, ao menor sinal de invasão por um corpo estranho. (Fonte: IMDb/Reprodução)

A importância dos antígenos

Antígenos específicos que criam os diferentes tipos sanguíneos são encontrados na superfície dos glóbulos vermelhos e conhecidos como tipo A e tipo B. Eles são separados pela presença de outro tipo de antígeno, conhecido como fator rH. Se uma pessoa tem esse fator, o sangue dela é considerado positivo (+); se não tem, é negativo (-).

Explicando melhor: quem tem antígenos do tipo A e fator rH tem sangue do tipo A +. Se tem os dois tipos de antígenos (A e B) mas não há presença do rH, então o tipo sanguíneo é AB-. Agora, se nenhum dos dois estiver presente, então o sangue é do tipo O, por isso existe aquele lance de zero ou nulo que já foi mencionado.

Essa separação toda é muito importante por causa dos anticorpos que o sistema imunológico cria. Pessoas com o sangue tipo A, em algum momento durante seus primeiros meses ou anos de vida, por razões ainda não bem compreendidas, desenvolvem anticorpos para o tipo B, e o reverso também acontece. Já para aqueles com o tipo O, a situação é ainda pior, pois desenvolvem anticorpos para os outros dois.

Algumas combinações podem ser fatais...

Os famosos dançarinos de funeral de Gana, só esperando uma mistura de tipos sanguíneos errada... (Fonte: Reprodução)Os famosos dançarinos de funeral de Gana só esperando uma mistura errada de tipos sanguíneos. (Fonte: BBC/Reprodução)

Isso ajuda a entender por que misturar tipos sanguíneos em uma pessoa, mas não em todas, é uma péssima ideia. Em poucas palavras, se alguém com o sangue tipo B recebesse uma doação de um indivíduo do tipo A, os anticorpos atacariam os glóbulos vermelhos, causando efeitos colaterais indesejados, incluindo problemas sérios como insuficiência renal, porque os rins teriam uma grande dificuldade de filtrar todos os glóbulos destruídos.

Tirando esse tipo de agravante, ainda existe a questão básica de precisarmos de sangue suficiente para continuarmos vivendo. Se o sistema imunológico destruir uma porcentagem alta o suficiente do "estoque" do corpo, isso por si só já é um problemão, não dando muito tempo para se preocupar com as outras complicações.

... outras podem dar certo

(Fonte: Pixabay/Reprodução)(Fonte: Pixabay)

Porém, nem sempre as combinações são má ideia. Por exemplo, desconsiderando um pouco a advertência sobre anticorpos atípicos e similares, alguém com o tipo AB+ pode receber sangue de qualquer outro tipo sanguíneo principal, sendo considerado o receptor universal. O motivo para isso é bem simples: essas pessoas apresentam os antígenos A e B em seus glóbulos vermelhos; logo, não têm anticorpos para nenhum dos dois, podendo aceitar o sangue de qualquer doador — lembrando sempre que é preciso considerar os anticorpos atípicos.

A desvantagem disso é que, devido à presença dos dois antígenos nos glóbulos vermelhos, portadores do tipo sanguíneo AB+ só podem doar sangue para outros com o mesmo tipo. Já aqueles do tipo AB- só podem doar para AB+ ou AB-, mas são capazes de receber de qualquer um dos tipos negativos — de novo, não podemos esquecer a advertência mencionada, provando mais uma vez que o universo odeia simplificar as coisas.

No outro extremo desse espectro, o tipo O não tem antígenos A nem B em seus glóbulos vermelhos, mas tem anticorpos A e B em seu plasma. Sendo assim, aqueles com tipo O- podem doar para qualquer tipo sanguíneo (os famosos doadores universais), mas só podem receber doações de indivíduos com o mesmo tipo, pois seus anticorpos plasmáticos atacariam qualquer outra coisa. Para entender melhor como tudo isso funciona, é só dar uma conferida na tabela abaixo.

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É por isso que, com o fato de que apenas 7% dos seres humanos são O-, pessoas com esse tipo sanguíneo são altamente encorajadas a doar sangue frequentemente. Primeiro para potencialmente ajudarem a si mesmas em casos de cirurgias importantes, pois isso não só solucionaria o problema de escassez como também ajudaria a evitar qualquer uma das potenciais ressalvas de compatibilidade mencionadas.

A segunda razão pela qual os indivíduos com esse sangue são incentivados a doar com frequência é porque isso pode beneficiar quase todo mundo, principalmente no caso de uma emergência, na qual não há tempo para descobrir qual é o tipo sanguíneo do paciente. Então, se um estoque de O- estiver disponível, pode ser usado imediatamente (e com uma segurança razoável), se for absolutamente necessário.

Doação de plasma

(Fonte: Getty Images/Reprodução)(Fonte: Getty Images)

Aproximadamente 55% do sangue é composto por plasma. Ele oficialmente é a maior parte do volume sanguíneo do corpo humano, e cerca de 90% desse líquido é apenas água, com os outros 8% sendo constituídos por proteínas como a albumina, que ajuda a mover moléculas como cálcio e medicamentos pelo sangue, anticorpos que ajudam na infecção e fibrinogênio e fatores de coagulação que auxiliam na coagulação. Os outros 2% contêm hormônios como a insulina, eletrólitos como sódio e potássio e nutrientes como açúcares e vitaminas.

E é na doação de plasma que indivíduos do tipo AB brilham. Embora eles só possam doar sangue para aqueles com o mesmo tipo, o inverso ocorre com o plasma. O motivo é que, novamente, eles não têm anticorpos A ou B, sendo doadores universais dessa composição sanguínea. Temos aqui outra tabela para facilitar a compreensão.

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Agora que você conhece a importância de saber qual é o seu tipo sanguíneo, se puder, carregue sempre um papelzinho com ele na sua carteira ou o informe às pessoas com quem mora, para o caso de uma eventualidade médica.

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