Ciência
08/06/2020 às 02:00•2 min de leitura
No colégio, aprendemos que o cérebro é o motor e um dos principais órgãos do corpo humano. Sem ele, não deveríamos ser capazes de sobreviver ou sequer de ter uma consciência. Entretanto, desafiando tudo e todos, um francês de 40 anos de idade vive normalmente sem um cérebro funcional.
O caso é de 2007 e vem surpreendendo cientistas e médicos até os dias atuais: um homem de 40 anos deu entrada em um hospital da França por causa de uma dor na perna — já sabendo que isso poderia ter alguma coisa a ver com seu sistema nervoso. Segundo ele, quando criança, isso já havia acontecido e era consequência de fluídos dentro de seu cérebro.
Então, os médicos decidiram dar uma examinada no cérebro do homem e descobriram que, incrivelmente, o órgão estava quase completamente tomado por fluídos. Isto é, muitas partes vistas como vitais para o ser humano e essenciais para a existência de uma consciência estavam inundadas.
Essa retenção de líquido, quando vista de uma ressonância magnética, dá a sensação de que o cérebro tem um vazio enorme no lugar, já que não existe atividade para captar.
Ressonância Magnética do francês, apresentando o cérebro inundado e dando a sensação de vazio no local. (Fonte: The Lancet/Reprodução)
Ainda que o esperado fosse uma pessoa sem consciência nenhuma, o homem de 40 anos tinha uma vida bastante agitada. Sem perceber o seu quadro médico, o homem vivia uma vida extremamente normal, com um emprego como funcionário público e uma casa na qual morava com sua esposa e mais dois filhos.
(Fonte: Pexels)
O francês mantinha consciência e uma vida normal com apenas uma camada cortical de neurônios. Ou seja, não tinha o tálamo, visto por neurocientistas como crucial para manter a consciência. A descoberta coloca um ponto de interrogação na ideia de que o cérebro seja vital para a existência da consciência e abre brecha para outras teorias crescerem.
A mais aceita é a de que a consciência nasce por meio da forma como os neurônios se comunicam, sem existir a necessidade do cérebro. A ideia é fomentada pela Teoria da Plasticidade Radical, de Axel Cleeremans.
Segundo a pesquisa, o pensamento surge por meio de uma complexa comunicação entre a maior parte possível de neurônios, que geram um impulso e "criam a consciência". Nesta teoria, portanto, o pensamento do ser humano surgiria como um ato do cérebro de tentar, por meio da atividade do maior número possível de neurônios, se tornar autoconsciente.
Não é possível saber a resposta correta para a forma como se dá a consciência, mas pode-se esperar, com a evolução da tecnologia, uma futura descoberta que nos ilumine sobre este assunto e nos ajude a entender melhor nosso cérebro.