Ciência
23/06/2020 às 06:30•2 min de leitura
O cosmos há bilhões de anos explode em violência: buracos negros engolindo estrelas, que são destroçadas, expelindo gás e matéria incandescente; estrelas em colapso, ejetando sua matéria no espaço, galáxias colidindo umas com as outras. É esse o retrato captado pelo telescópio espacial de raios X eROSITA, do Max Planck Institute for Extraterrestrial Physics (MPE).
Parte alemã do observatório espacial Spektr-Roentgen-Gamma (ou Spektr-RG), o eROSITA começou o trabalho em dezembro passado. O resultado é um mapa do Universo com um milhão de objetos – quatro vezes mais rico que o anterior, feito há 30 anos, e com dez vezes mais fontes de raios X.
O mapa em raios X feito pelo observatório espacial ROSAT, em 1996.
"O acréscimo é praticamente o mesmo número do que foi detectado em 60 anos de astronomia de raios X", disse à BBC o astrofísico Kirpal Nandra, diretor do MPE.
Segundo a astrofísica do MPE Mara Salvato, líder da equipe que vai combinar as observações com as de outros telescópios, o novo mapa se revelou "uma fonte preciosa de fenômenos raros, como fusões de estrelas de nêutrons e buracos negros em pleno ato de engolir sistemas solares".
O eROSITA varre as profundezas do Universo em todas as direções, representando a esfera do céu em uma elipse (a chamada Projeção de Mollweide), combinando o centro da Via Láctea (o equador) e do mapa no mesmo ponto. As cores representam a energia contida na radiação captada: azuis, raios X de maior energia; verdes, de energia intermediária; vermelhos, menor energia.
A mancha amarela brilhante à direita é uma concentração de restos de supernovas (principalmente a da Vela); as manchas em vermelho, amarelo e verde são gás quente; os pontos brancos, buracos negros supermassivos, alguns da infância do Universo.
Este é apenas o primeiro dos oito mapas a serem elaborados pelo eROSITA até fins de 2023 (o segundo já está em andamento). Espera-se que eles elucidem, entre outras questões, a natureza da energia escura, responsável pela expansão do cosmos.
Novo mapa do Universo revela a violência do cosmos via TecMundo