Ciência
11/08/2020 às 03:00•2 min de leitura
Uma rajada rápida de rádio (do inglês fast radio burst, ou FRB) foi detectada na Terra alarmando observatórios astronômicos em todo o mundo no final de abril de 2020. O sinal apareceu subitamente e desapareceu em meio segundo, mas foi o suficiente para os cientistas detectarem que o evento aconteceu dentro da Via Láctea, fenômeno nunca antes observado tão próximo ao planeta Terra.
O estudo, esse publicado em 27 de julho no The Astrophysical Journal Letters, identificou que uma poderosa mistura de energia de rádio e raios X foi emitida há trinta mil anos a partir de uma estrela morta do outro lado da galáxia. Até então, todas as FRBs conhecidas tinham origem em outras galáxias, a centenas de milhões de anos-luz de distância.
A descoberta só foi possível porque vários telescópios na Terra e em órbita capturaram a explosão simultaneamente e em muitos comprimentos de onda em todo o espectro eletromagnético. O fenômeno foi observado pelo satélite Integral da Agência Espacial Europeia (ESA) e por radiotelescópios nos Estados Unidos, Canadá e na Itália, entre outros equipamentos científicos.
Cientistas de todo o mundo captaram os sinais da explosão rápida de rádio. (Fonte: Unsplash)
As explosões rápidas de rádio foram descobertas em 2007, mas os cientistas ainda não entendem completamente a sua origem. Especula-se que essas explosões podem ser causadas por buracos negros em colisão ou até mesmo representar pulsos de naves alienígenas. Uma FRB dura apenas alguns milissegundos, mas gera mais energia do que o Sol em um século.
As observações sugerem que a explosão veio de uma estrela de nêutrons conhecida — o núcleo compacto e giratório de uma estrela morta, que acumula a massa de um sol em uma bola do tamanho de uma cidade — na constelação Vulpecula.
O remanescente estelar se encaixa em uma classe estranha de estrela chamada magnetar, batizada por seu campo magnético incrivelmente poderoso, que é capaz de cuspir quantidades intensas de energia muito depois de a própria estrela ter morrido. Aparentemente, os magnetares são a fonte de alguns dos muitos FRBs misteriosos do universo, escreveram os autores do estudo.