Saúde/bem-estar
18/08/2020 às 04:00•2 min de leitura
O "Homem de Tollund" é o cadáver de um homem encontrado na Dinamarca no ano de 1950, morto provavelmente durante da Idade do Ferro, no século IV a.C., cujo corpo permaneceu preservado até os dias atuais por um processo natural de mumificação.
O segredo desse fenômeno são as condições dos pântanos de turfa nos quais esses corpos, geralmente de condenados à morte, eram jogados. Imersos nesses brejos, os tecidos ficavam preservados por camadas de musgos, ausência de oxigênio e ação de compostos microbianos.
Pântano de turfa no Reino Unido (Fonte: Duncan Shaw/Reprodução)
Por isso, os pântanos do norte da Europa têm se transformados em sítios arqueológicos, onde arqueologistas acessam verdadeiras janelas temporais para um passado distante. Muitas vezes as investigações nesses lugares musgosos e sombrios se revelam mais promissoras do que em sepulturas.
Porém, numa escavação recente realizada num desses pântanos na Suécia, os cientistas constataram que essas condições perfeitas de conservação são resultado de um frágil equilíbrio que, se quebrado, pode comprometer a integridade de corpos, ossos e outros restos orgânicos preservados por séculos.
O fato aconteceu no pântano de Ageröd, no sul da Suécia, que contém ossos, chifres e diversos artefatos de culturas do Período Mesolítico que existiram há mais de 8 mil anos. Uma equipe da Universidade de Lund, liderada por Adam Boethius, comparou ossos recém-escavados em 2019 com outros exumados nas décadas de 1940 e 1970.
A pesquisa no Ageröd (Fonte: Plos One/Reprodução)
Eles avaliaram o desgaste dos ossos e comprovaram que, embora os mais preservados mantivessem praticamente as mesmas condições daqueles escavados em 1970, a grande maioria deles estava tão desgastada que se quebraram durante a avaliação, e em outros locais parece terem se decomposto completamente.
Publicada na revista científica Plos One em julho passado (29), a pesquisa concluiu que, se nenhuma ação for tomada para garantir a preservação futura, o local poderá perder os restos orgânicos que foram preservados por 9 mil anos, antes das modernas invasões humanas no local e das mudanças climáticas que têm ocorrido.
E, como Ageröd tornou-se um local mais "frequentado" do que os outros sítios arqueológicos, a recomendação é de se façam levantamentos em outras áreas para avaliar o estado dos vestígios arqueológicos ainda ocultos, com objetivo de protegê-los.