Esportes
03/09/2020 às 06:00•2 min de leitura
A comunidade dos Kuikuro, que integram as aldeias indígenas do Alto Xingu, desenvolveu um aplicativo de rastreamento e monitoramento da população local para poder se prevenir contra possíveis casos de contágio pelo coronavírus na região. O software foi criado através de uma parceria entre a Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu (AIKAX) e um grupo de pesquisadores, cientistas e ativistas sociais, sendo capaz de rastrear quem entra e quem sai das instalações comunitárias.
A iniciativa dos Kuikuro foi aplicada em março deste ano, quando os aldeões passaram a coletar as primeiras informações dos habitantes após decretarem a quarentena voluntária dos grupos indígenas do Xingu. Inicialmente, realizaram um censo demográfico para catalogar o número de moradores e casas. Após isso, os dados passaram a ser adicionados ao aplicativo para serem monitorados, apontando informações, inclusive, sobre a apresentação de sintomas nas últimas duas semanas.
(Fonte: AIKAX/Reprodução)
Ao mesmo tempo que as informações dos indígenas eram salvas em uma nuvem, os criadores do aplicativo distribuíam conteúdos gratuitos sobre prevenção do coronavírus, com materiais em vídeo, panfletos eletrônicos e outros meios para conscientizar a população sobre a importância de manter a infecção longe da comunidade. “Acreditamos que será mais fácil controlar [a disseminação] se soubermos de onde vem a doença e quem é a pessoa, para que possamos isolá-la”, comentou Waura, um dos idealizadores do app.
Historicamente suscetíveis a doenças, os índios do Alto Xingu enfrentam problemas com a chegada da covid-19 em seu território. Pela primeira vez em 50 anos, o Quarup, um dos rituais mais tradicionais das famílias locais, teve que ser cancelado. Além disso, mesmo com a adoção de medidas rigorosas contra o coronavírus, 10 mortes — incluindo um bebê Kalapalo de apenas 45 dias — e mais de 210 casos testados positivos jã foram contabilizados.
(Fonte: AIKAX/Reprodução)
O aplicativo de rastreamento foi uma evolução de ferramentas que estavam sendo utilizadas para registrar sítios arqueológicos e locais de relevância nos mais de 6,5 milhões de acres do Alto Xingu, no estado de Mato Grosso. A familiarização com a tecnologia e os serviços de software facilitaram, então, a transição para a identificação de casos de covid-19, ajudando-os a ganhar tempo para combater o surgimento do vírus.