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14/09/2020 às 09:00•2 min de leitura
Num estudo sobre alterações climáticas publicado na semana passada na revista Science, e que está sendo considerado épico pelas suas conclusões, pesquisadores analisaram elementos químicos em milhares de amostras de “forames” para construir o maior registro climático da Terra de todos os tempos.
Os forames são minúsculas amebas submarinas que, mesmo após o impacto do grande asteroide que destruiu parte da vida na Terra há 66 milhões de anos, continuaram a se reproduzir e construir conchas de cálcio e outros minerais resistentes no fundo do mar que, fossilizadas, hoje auxiliam esse tipo de estudo.
Fonte: University of Hawaii/Reproduçãoi
Cerca de 10 milhões de anos após a extinção dos dinossauros, a Terra saltou de um estado de Warm House para Hot House. Isso significou uma elevação de temperaturas até 16 ºC acima dos níveis atuais. O efeito é conhecido como Máximo Térmico Paleoceno-Eoceno.
Da mesma forma, quando o dióxido de carbono sumiu da atmosfera nos 20 milhões de anos seguintes, mantos de gelo se formaram na Antártida, e o planeta ingressou numa fase mais refrigerada (Cool House), com temperaturas de superfície na casa dos 4 ºC acima dos níveis modernos.
Impulsionada pela ação crescente e decrescente das camadas de gelo do Hemisfério Norte, a Terra entrou numa era refrigerada (Ice House) há cerca de 3 milhões de anos. Atualmente, as emissões humanas de gases de efeito estufa estão fazendo com que as temperaturas voltem a subir numa velocidade nunca vista em dezenas de milhões de anos.
Mapa dos últimos 66 milhões de alterações climáticas e previsões para os próximos 300 anos (Fonte:Westerhold et al., CENOGRID)
Esse aumento brutal está muito acima das variações naturais desencadeadas pelas mudanças orbitais do planeta. Mesmo que as atuais emissões de efeito estufa se mantenham nos níveis atuais, o clima pode disparar de volta a níveis nunca experimentados desde o Máximo Térmico Paleoceno-Eoceno pós-dinossauros.
"O período de 66 a 34 milhões de anos atrás, quando o planeta era significativamente mais quente do que hoje, é de particular interesse, pois representa um paralelo no passado a que futuras mudanças antropogênicas [interferência humana] podem levar", conclui o estudo.