Ciência
25/09/2020 às 09:00•2 min de leitura
Um artigo publicado no periódico Proceedings of the Royal Society B na última segunda-feira (23) esclarece porque sapos e rãs têm olhos tão grandes quando comparados com o tamanho do corpo. Conduzido por uma equipe do Museu de História Natural de Londres, o estudo envolveu 220 espécimes de anuros representando todas as 55 famílias atualmente conhecidas.
Sapos, rãs e pererecas (anfíbios da ordem Anura) existem em todas as formas e tamanhos imagináveis, mas alguns grupos compartilham características exageradas, como a potência do veneno por exemplo. As pererecas apresentam olhos mais proeminentes quando comparados ao resto do corpo, enquanto as rãs das cavernas possuem olhos minúsculos, e o objetivo da pesquisa é explicar por que isto acontece.
Os pesquisadores mediram o comprimento do corpo dos anuros, o tamanho da córnea e a circunferência total dos olhos para comparar como as proporções mudam entre as espécies. Os resultados mostraram que, entre os anuros de olhos grandes e pequenos, habitats compartilhados era um tema recorrente.
A pesquisa trabalha com a hipótese de consumo energético. A líder da pesquisa, Kate Thomas, explica que usar os olhos é “caro” do ponto de vista energético. Dessa forma, o estudo propõe que os anuros se adaptaram para gastar com os olhos grandes apenas o que for estritamente necessário. Thomas dá como exemplo as pererecas, que são as mais “gastadoras”.
A pesquisadora esclareceu à revista New Scientist que: “As pererecas arborícolas têm os olhos maiores e precisam escalar, pular e tomar decisões rápidas durante o salto. Não que elas vejam melhor do que nós, mas, em comparação conosco, elas estão investindo muito mais de seu orçamento total de energia em visão”.
Para se entender esse “investimento”, é preciso levar em conta que esses anfíbios têm que estar o tempo todo atentos à configuração do terreno em que vivem para evitar a predação. Além disso, precisam encontrar comida, abrigo e outros parceiros, o que acaba sendo uma tarefa bem difícil numa floresta quando você é verde.
Abrir mão de um investimento ocular mais generoso para viver em ambientes fossoriais, subfossoriais e aquáticos faz todo o sentido. O que ainda precisa ser explicado é quais sentidos as pererecas têm que poupar para se permitir um orçamento óptico tão espalhafatoso.