Ciência
27/10/2020 às 03:00•2 min de leitura
Uma pesquisa publicada recentemente na revista científica Molecular Biologya and Evolution mostra que a vida primordial na Terra pode ter sido muito mais parecida com um animal do que se pensava, e sugere que as as bactérias podem “se desenvolver” como um embrião.
Quando as bactérias se juntam, elas formam uma comunidade biológica altamente organizada e densamente compactada feita com uma gosma feita de açúcares, que confere proteção contra agressões externas, como falta de nutrientes, antibióticos ou algum antibactericida.
Ns segurança do biofilme, esses organismos minúsculos são muito poderosos e conseguem resistir às mudança ambientais, comunicar-se em longo alcance com células externas às suas comunidades, e até compartilhar uma espécie de memória coletiva, comportando-se como um organismo celular.
O que a equipe internacional de pesquisadores, liderada pelo geneticista evolucionista Momir Futo do Instituto Ruder Boškovic, na Croácia, descobriu foi que os biofilmes não apenas se comportam como um organismo celular, como também se desenvolvem como um.
A maioria das células da Terra se comporta como esses biofilmes. Eles podem ser compostos de várias espécies, e se comportam como seres multicelulares, com divisão do trabalho, morte celular programada e autorreconhecimento.
Para fazer essas observações, Futo e sua equipe pesquisaram o Bacillus subtilis em forma de bastonete, uma bactéria saprófita comum encontrada no solo, em vacas e em seres humanos. Os pesquisadores acompanharam o seu desenvolvimento no biofilme, desde a poucas células iniciais até os dois meses de idade.
Posteriormente, ao compararem os produtos dos genes da bactéria com os de outras em sua árvore genealógica, descobriram que os genes evolucionários mais jovens evoluíam conforme os pontos temporais do crescimento do biofilme, segundo o geneticista Tomislav Domazet-Lošo, da Universidade Católica da Croácia.
Para ele: “Isso significa que as bactérias são verdadeiros organismos multicelulares como nós”. Quando se considera que os fósseis mais antigos são biofilmes bacterianos, os pesquisadores sugerem que a primeira forma de vida foi multicelular, e não uma criatura unicelular como normalmente se acredita até hoje.
Uma vez que os biofilmes são responsáveis tanto por 80% das infecções microbianas como também pelo funcionamento das bactérias amigáveis, as descobertas deste estudo têm imensa importância para uma série de problemas médicos.