Saúde/bem-estar
04/11/2020 às 03:00•2 min de leitura
Uma pesquisa ainda não revisada por pares, apresentada durante a conferência anual da Society of Vertebrate Paleontology, revelou que o poderoso Tiranossaurus rex batizado de Sue, do Museu Field de Chicago, morreu com uma terrível dor causada por três dentes minúsculos de aparência esquisita.
Segundo a autora do estudo, professora Kirstin Brink, da Universidade de Manitoba no Canadá, “dois desses dentes são realmente fundidos”, além de um deles apresentar serrilhas extras na sua parte lateral, e não na parte frontal ou posterior, que seriam os locais normais de localização.
Sue, que recebeu esse nome em homenagem à sua descobridora, Sue Hendrickson, é considerado o maior, mais completo e mais bem conservado esqueleto de T. rex em exposição. Como os demais tiranossauros, Sue possuía dentes serrilhados em forma de faca e do tamanho de bananas. Eles trocavam constantemente os dentes, com novas dentições anuais ou bienais.
Embora problemas dentários fossem frequentes em terópodes, esse grupo de dinossauros carnívoros, a maioria deles era de causa genética. Em Sue, no entanto, os dentes são estranhamente deformados, com uma textura esquisita, “como se fossem um glacê sendo espremido por um saco de confeitar”, disse Brink.
Num estudo anterior, publicado em 2009 na revista PLOS One, pesquisadores já haviam diagnosticado estranhos orifícios na mandíbula de Sue como tricomonose, uma infecção oral causada por um parasita. Na nova pesquisa, Brink sugere que essa condição pode ter causado a deformidade nos dentes do T. rex.
Após examinar imagens digitais em 3D obtidas através de tomografia computadorizada, Brink concluiu que esse seria o primeiro caso registrado de uma infecção causar deformação dentária em um terópode. Como os outros dentes de Sue são todos normais, a pesquisadora concluiu que a deformidade não tem causa genética.
Ela observou que nos descendentes modernos dos terópodes, os pássaros, a tricomonose é recorrente, crescendo em forma de grandes tumores cerosos que obstruem suas gargantas. A infecção também pode se espalhar pelo crânio e pela pele.
Como os pássaros não têm dentes, como seus ancestrais, é difícil concluir de que forma a infecção afetaria a estrutura dentária. Porém, Brink propõe que “os crescimentos ceroso ficaram tão grandes ou a infecção ficou tão grave, que os desenvolvimento normal do dente foi interrompido em um ponto da mandíbula”.