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Estamos mais perto de um buraco negro do que pensávamos

02/12/2020 às 13:302 min de leitura

Cálculos mais precisos de como e para onde se move a Via Láctea acabam de botar o sistema solar dois anos-luz mais perto do buraco negro que ruge no centro da Via Láctea. Isso não faz com que estejamos à beira de mergulhar no horizonte de eventos do Sagitário A* (ou  Sgr A*): a distância pulou de 26 mil  anos-luz para 25.800 anos-luz, ou 3% mais perto.

A nova distância é resultado da melhoria do modelo com que astrônomos medem o cosmos, usando dados coletados ao longo de 15 anos e reunidos no catálogo de observações do projeto japonês VLBI Exploration of Radio Astrometry (Exploração de Rádio Astrometria VLBI, ou VERA) – VLBI significa Very-long-baseline interferometry, ou Interferometria de Linha de Base Muito Longa. Nesse sistema, um sinal de uma fonte de rádio astronômica é coletado por vários radiotelescópios na Terra.

Fonte: NASA/JPL-Caltech/R. Hurt

A partir do ano 2000, pesquisadores do VERA começaram a mapear tridimensionalmente nossa galáxia, usando os dados de todos os telescópios do Japão. O resultado foi um mapa de posição e velocidade dos astros que compõem a Via Láctea.

Ele serviu de base para calcular a distância que nos separa do centro da galáxia, onde o Sgr A* está: 25.800 anos-luz da Terra, um valor mais próximo do adotado pela União Astronômica Internacional em 1985, de 27.700 anos-luz. Também estamos viajando ao redor dele bem mais rápido do que se pensava: a 227 km/s e não, a 220 km/s.

Um dedo de paralaxe

Para saber a posição dos astros, os astrônomos usaram o método de paralaxe, que capta o movimento aparente de um objeto enquanto a Terra orbita o Sol. Para entender esse princípio, estique o seu braço com o dedo indicador levantado. Observando o que está além dele, feche alternadamente um e outro olho – seu dedo parece mudar de posição, a depender de com qual olho você o observa. 

Para medir distâncias astronômicas, os pesquisadores usam uma estrela (no nosso exemplo, seria o dedo) e o movimento da Terra em sua órbita (abrir e fechar os olhos alternadamente).

O céu não nos dá noção de profundidade; não há pontos de referência sobre o que está à frente ou atrás. A paralaxe serve justamente para medirmos a distâncias entre os astros. Escolhendo uma estrela, a posição em que ela se encontra é comparada em dois momentos (como quando seu dedo parece se mover). Os astrônomos, então, medem o ângulo entre as duas posições observadas – é a paralaxe. Com esse ângulo e mais trigonometria, pode-se determinar a distância da estrela.

Universo em movimento

O VERA capta masers, emissões de micro-ondas produzidas em nuvens de gás geradoras de estrelas: as recém-nascidas bombardeiam moléculas de água e de metanol com energia suficiente para que a luz seja retransmitida com muito mais intensidade.

Duas posições permitiram aos astrônomos calcular as distâncias entre os astros.

O VERA conseguiu captar 224 dessas emissões para mapear o lugar e a velocidade dos objetos orbitando ao redor do núcleo galáctico. Usando um modelo físico da rotação da Via Láctea, foi possível calcular a distância entre o Sol e o Sgr A*, além de sua velocidade angular (ou seja, quanto tempo ele leva para dar uma volta completa ao redor do centro galáctico): 239 quilômetros por segundo. 

Se tomarmos como ponto de partida o lugar onde estamos agora, o Sol começou sua viagem quando o planeta vivia a Era Mesozoica.

Estamos mais perto de um buraco negro do que pensávamos via TecMundo

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