
Ciência
05/12/2020 às 10:00•2 min de leitura
Uma pesquisa conduzida pelo biólogo George Lohay através da Penn State University é o primeiro estudo de áreas de proteção ambiental africanas com enfoque no fluxo gênico. O artigo foi publicado na Ecology & Evolution em 9 de outubro de 2020.
A análise do DNA de 688 elefantes de diferentes populações vivendo em quatro regiões da Tanzânia revelou a história da formação genética do animal e o impacto das barreiras físicas naturais ou causadas pelo ser humano.
Fluxo gênico é a troca de informação genética entre populações, geralmente de uma mesma espécie, através do cruzamento. As mutações decorrentes desta transferência definem quais unidades são vantajosas, desvantajosas ou neutros para a seleção natural. Populações que vivem separadas por barreiras geográficas ou grandes distâncias, sofrem pouca ou nenhuma migração desse tipo.
Os pesquisadores suspeitavam que o Vale do Rift, uma enorme fossa tectônica que abrange a Etiópia, o Quênia e a Tanzânia, seria um impedimento do fluxo gênico entre populações de elefantes da região.
No entanto, descobriram que o DNA dos animais separados pelo obstáculo geográfico são muito parecidos: não há barreiras físicas entre os elefantes do Lago Manyara e de Tarangire, mas há menos semelhanças genéticas entre eles do que entre os do Lago Manyara e Ngorongoro, que fica do outro lado do Vale.
Outra surpresa foi a similaridade entre as populações de Tarangire e do sul de Ruaha, uma distância de mais de 400 quilômetros e uma região que hoje está totalmente bloqueada para estes animais.
Os humanos ocuparam totalmente as áreas entre Tarangire e Ruaha, e entre o Lago Manyara e Ngorongoro, considerados “corredores” entre grupos de elefantes.
Em paralelo, o estudo evidenciou o impacto da caça, fenômeno descontrolado que ocorreu no século XIX e quase extinguiu populações inteiras. Este bloqueio humano do fluxo gênico dos elefantes pode prejudicar gerações futuras. Sugere-se, então, a criação de conexões entre áreas.
“Abrir corredores pode encorajar o fluxo gênico, o que por sua vez pode ajudar a manter manadas mais robustas geneticamente”, explicou Lohay.