Artes/cultura
01/02/2021 às 10:00•2 min de leitura
Neste momento, um helicóptero está voando em direção ao planeta Marte. Naturalmente, não voa de forma autônoma, mas de carona, na “barriga” do rover Perseverance da NASA: o esbelto Ingenuity está apenas a algumas semanas de se tornar a primeira aeronave a voar em um mundo diferente da Terra.
Após ultrapassar os 70 milhões de quilômetros que nos separam do Planeta Vermelho, o Ingenuity passará por diversos testes que serão o ponto de partida para a construção de aeronaves maiores e melhores, com capacidade para transporte de cargas úteis, e que poderão voar em outros planetas.
O engenheiro-chefe do Ingenuity, Bob Balaram, compara a missão do Ingenuity em Marte ao voo pioneiro dos irmãos Wright, referindo-se à decolagem do primeiro avião, que concedeu à dupla a primazia da criação do primeiro aparelho voador controlado da história.
Balaram e sua equipe do Jet Propulsion Laboratory tiveram que enfrentar muitos desafios para projetar o Ingenuity. Quando o dispositivo chegar a Marte em fevereiro próximo, pode enfrentar quedas de temperatura de até -90º C na cratera de Jezero. Faz tanto frio no planeta vermelho que só um terço da potência será usado para voar; o restante da energia aquecerá os sistemas do aparelho à noite.
Além das baixas temperaturas, o Ingenuity terá que encarar a atmosfera de Marte, 99% mais fina que a da Terra e com apenas um terço da sua atração gravitacional. Para obter sustentação, o helicóptero irá utilizar duas hélices de fibra de carbono de 1,2 metro cada a uma rotação de 2,4 mil rpm em motores de rotação contrária.
O objetivo do Ingenuity na missão é testar algumas operações básicas: com menos de 2 kg de peso, o helicóptero irá apenas decolar, pairar algumas dezenas de metros acima do solo marciano, manobrar no ar rarefeito do planeta e pousar em um terreno plano. Durante 30 dias marcianos, os engenheiros avaliarão, de casa, os voos de teste.
A cada tentativa, o helicóptero voará mais alto e mais longe. Cada decolagem, cada noite sem congelar e cada descida serão desafios a serem vencidos. Infelizmente, ao final dos testes, o Ingenuity ficará para trás, como um símbolo ou como prova de que aeronaves terrestres podem operar em outros planetas.