Artes/cultura
02/02/2021 às 08:16•2 min de leitura
Uma nova escavação realizada no Egito resultou na descoberta de uma múmia com uma característica diferente: a língua do corpo embalsamado foi removida e substituída por uma peça idêntica, porém feita de ouro.
Os objetos foram descobertos no templo de Taposiris Magna, que fica ao oeste de Alexandria, e datam de períodos de auge de civilizações como Grécia e Roma. Até por isso, o estado de preservação dos corpos não é dos melhores, já que as técnicas utilizadas são diferentes. O formato do sepultamento também não é o mesmo, com poços de pequena profundidade escavados em pedra.
A língua feita de ouro foi posicionada a partir de lâminas sobrepostas e, segundo os pesquisadores, tinha um objetivo bem específico: permitir que o morto se comunicasse com o deus Osíris durante o julgamento realizado no além-vida. Este é o momento, de acordo com as tradições do Egito Antigo, em que o falecido deve provar que possui honra e realizou atos de justiça durante a trajetória no plano dos vivos.
Entretanto, não é comum que múmias sejam encontradas com esse adorno. Por isso, há a suspeita de que a pessoa em questão tinha alguma dificuldade de fala — embora nenhuma pista evidente no local indique isso.
Segundo o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, foram descobertos outros 15 poços de sepultamento na escavação, resultando em mais múmias e artefatos. Além de Osíris, há menções à deusa Ísis, que também é uma das responsáveis por auxiliar na passagem após a morte.
Uma delas foi enterrada com uma máscara funerária que cobre todo o corpo e exibe um sorriso, com um espaço aberto na região dos olhos.
Outra possui pergaminhos em um estado de conservação que permite a leitura do conteúdo, atualmente em fase de estudos e com ilustrações relacionadas a Osíris.
Moedas com o rosto de Cleópatra também foram encontradas, o que bate com a hipótese de que as tumbas datam do período da dominação romana na região — as múmias teriam mais de 2 mil anos, segundo as primeiras estimativas.
A escavação foi obra da equipe da arqueóloga Dr. Kathleen Martinez, da Universidade de Santo Domingo.