Ciência
07/04/2021 às 14:00•2 min de leitura
Astrônomos do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia (ICRAR) em Perth, Austrália, identificaram uma "água-viva de rádio" com estrutura fantasmagórica, localizada a cerca de 340 milhões de anos-luz da Terra.
Segundo os pesquisadores, a "geleia cósmica" do aglomerado de galáxias Abell 2877 possui mais de 1 milhão de anos-luz de largura e destaca-se por possuir um lóbulo de plasma sobrecarregado, ligado por estruturas de gás quente semelhantes a tentáculos. Além disso, apresenta um padrão estranho para os fenômenos de sua categoria, desaparecendo rapidamente de vista após um curto período de observação.
“Esta 'água-viva de rádio' detém uma espécie de recorde mundial", disse Torrance Hodgson, do ICRAR, em comunicado. "Embora seja brilhante em frequências de rádio FM regulares, em 200 MHz a emissão quase desaparece. Nenhuma outra emissão extragaláctica como esta desapareceu tão rapidamente".
(Fonte: Curtin University / Reprodução)
Durante 12 horas e em cinco frequências de rádio entre 87,5 e 215,5 megahertz, a equipe de astrônomos foi capaz de observar com surpresa o aglomerado de galáxias graças ao radiotelescópio Murchison Widefield Array (MWA). Após a análise, o "objeto" cósmico foi apelidado de Ultra Steep Spectre (USS) Jellyfish (Espectro Ultra Íngreme Água-viva, em tradução livre), devido ao seu formato fantasmagórico.
A descoberta do USS Jellyfish abriu portas para uma série de teorias por parte dos pesquisadores, com a tese da "fênix de rádio" sendo a mais consistente. Em seu projeto, Hodgson sugere que as ondas de rádio foram geradas pela explosão de buracos negros supermassivos há 2 bilhões de anos, resultando na liberação de poderosos jatos de plasma.
“Este plasma desbotou, ficou quieto e ficou dormente”, disse. “Então, recentemente, duas coisas aconteceram – o plasma começou a se misturar ao mesmo tempo que ondas de choque muito suaves passavam pelo sistema. Isso reacendeu brevemente o plasma, iluminando a água-viva e seus tentáculos para nós vermos”.
(Fonte: NASA / Reprodução)
Assim como ocorre na lenda do pássaro mítico, a "fênix de rádio" nasce de uma explosão de alta energia, desaparece com o desgaste de elétrons, e é reenergizada por outro evento cósmico de proporção semelhante ao primeiro. Assim, é possível que aglomerados de águas-vivas brilhem em certos comprimentos de onda, mas desapareçam em outros.
“Descobertas como a 'água-viva' dão apenas uma dica do que está por vir. É um momento emocionante para quem busca respostas a questões fundamentais sobre o cosmos”, concluiu a professora Melanie Johnston-Hollitt.