Estilo de vida
23/05/2021 às 11:00•2 min de leitura
Nascido em 28 de junho de 1873, em Rhône, na França, Alexis Carrel se tornou um cirurgião e biólogo responsável por ganhar o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina, em 1921, por ter desenvolvido as técnicas pioneiras na sutura vascular, apesar de seu passado conturbado e histórico político, por ter um papel fundamental na liderança da implementação da eugenia na França durante a Segunda Guerra Mundial.
Junto com Charles A. Lindbergh, ele inventou a primeira bomba de perfusão, que seria a responsável por abrir caminho para o transplante de órgãos no futuro. Em 1902, Carrel se envolveu em uma controvérsia que afetou seu trabalho na área médica e científica quando disse ter testemunhado a cura milagrosa de Marie Bailly, em Lourdes, que ficou famosa depois que ela nomeou o médico como testemunha de seu milagre.
O caso prejudicou a carreira do homem, que não conseguiu mais agendar nenhuma consulta hospitalar devido ao anticlericalismo generalizado que havia no sistema universitário da França na época. Diante disso, em 1903, ele se mudou para Montreal, no Canadá, e mais tarde se estabeleceu definitivamente em Chicago, onde passou a trabalhar para o Laboratório Hull.
(Fonte: Sutori/Reprodução)
Para as técnicas de cultura de tecido (desenvolvimento de tecidos e/ou células separados de um organismo) a longo prazo, Carrel e seus associados produziram e mantiveram uma série de tecidos cardíacos de galinhas e pintinhos no Instituto Rockfeller, em Nova York. De 1921 a 1946, essas culturas de tecido permaneceram vivas e se dividindo, excedendo em muito o tempo de vida normal de uma galinha, cujas células foram consideradas imortais.
Até o final da década de 1960, o tecido cardíaco da galinha impulsionou o conceito de mortalidade e envelhecimento celular, apesar de outros experimentos desafiaram esse tipo de conclusão. Os teses feito por Carrel forçaram os biólogos a aceitar a imortalidade como uma propriedade intrínseca de todas as células, e não apenas a linha celular através da qual o material genético é passado para a prole (linhagem germinativa). Contudo, o fenômeno celular não foi considerado uma característica intrínseca como pregava o médico, mas sim o resultado de fatores externos, como o acúmulo de produtos residuais dentro da célula.
No artigo A Vida Permanecente dos Tecidos Fora do Organismo, publicado por Carrel em 1912, o cientista adotou o método de gota pendurada de Ross Granville Harrison para cultivar os tecidos do coração das galinhas. O experimento consistia em colocar pequenos fragmentos de tecido cardíaco embrionário na lamínula em uma gota de líquido composta de plasma sanguíneo da galinha e água.
(Fonte: Biostasis/Reprodução)
Depois que o meio feito de plasma e água coagulou, a lamínula foi incubada a 39?°C. Três dias depois, com a cultura crescendo, o tecido foi passado, lavado e colocado em um novo meio para que o crescimento pudesse continuar e uma cultura de tecido secundária fosse gerada. Os tecidos do coração continuaram a pulsar nesse estágio inicial in vitro e assim permaneceram por 3 meses.
Portanto, Carrel formulou a hipótese de que a vida útil dos tecidos cultivados pode ser prolongada indefinidamente, e que os tecidos devem ser intrinsecamente capazes de manter a vida permanente in vitro sob métodos de cultura ideais.