Ciência
10/07/2021 às 13:00•2 min de leitura
Existem poucas coisas melhores no mundo do que desfrutar de uma suculenta e açucarada melancia em uma tarde de verão. Entretanto, o que muitas pessoas não sabem é que essa enorme fruta nem sempre teve essa aparência vibrante, entre o vermelho do interior e o verde da casca, e sabor adocicado.
Então, qual era o sabor e aparência inicial das melancias? E de onde elas vieram? Ao contrário de diversas outras colheitas, a melancia não foi domesticada na Crescente Fértil da Mesopotâmia, é o que indicam os pesquisadores. Segundo um estudo da Universidade Luís Maximiliano de Munique (ULMM), na Alemanha, a genética aponta para outra destinação.
(Fonte: Pixabay)
Para a coleta de dados, a botânica Susanne Renner e seus colegas avaliaram a sequência genética de melancias domesticadas encontradas nas prateleiras de supermercados, além de mais seis espécies de melancias selvagens. Após uma série de experimentos, os pesquisadores encontraram similaridades.
Ao que tudo indica, a maioria das melancias domesticadas são geneticamente mais próximas das espécies selvagens encontradas no Sudão, as quais possuem diferenças notáveis de aparência e sabor. No geral, as melancias sudanesas são brancas e pouco adocicadas, servindo de base para a alimentação de alguns animais.
De acordo com o documento publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, pode-se concluir através das similaridades genéticas entre as duas espécies que a nossa versão vermelha e açucarada da melancia é provavelmente uma versão desenvolvida daquelas encontradas no norte do continente africano.
(Fonte: Pixabay)
É provável que os fazendeiros antigos cultivassem variantes não amargas da melancia selvagem e, consequentemente, passaram a buscar por mais doçura ao longo de muitas gerações por meio do processo de domesticação. A coloração avermelhada, além disso, provavelmente também é fruto da seleção artificial para deixar o fruto mais suculento.
Indícios mostram que as primeiras domesticações da melancia passaram a ocorrer no Egito Antigo há 4.300 anos ou em trocas comerciais feitas pelo antigo império. "O que minha pesquisa sugere é que foi em algum lugar desta região que a melancia foi domesticada pela primeira vez, e onde os antigos egípcios passaram a comê-las", disse Renner em entrevista para a Live Science.
Historicamente, essa é uma descoberta interessante para mostrar a importância do negligenciado norte africano no passado dos alimentos. Como o foco sempre esteve voltado para a Crescente Fértil, pouco se sabe até hoje sobre a influência de países de outros cantos da África no desenvolvimento de colheitas.