Estilo de vida
18/07/2021 às 06:00•3 min de leitura
Você já ouviu falar em espécies de animais invasoras? Esse é o nome dado para os grupos de criaturas, plantas, fungos ou qualquer outro tipo de ser vivo que é introduzido a um novo ambiente e passa a ameaçar outras espécies locais. Outros termos utilizados para descrevê-los são "espécies naturalizadas", "espécies exóticas", "espécies nocivas" ou até mesmo "espécies não nativas".
Apesar de cada uma das terminologias possuírem significados levemente diferentes, todas elas podem ser usadas para descrever os seres vivos que não são originalmente pertencentes a uma determinada área. Mas até que ponto isso é um risco para o meio ambiente? É hora de entender o perigo da introdução das espécies invasivas em um ecossistema.
(Fonte: Pixabay)
Com o avanço dos processos de globalização no comércio mundial, o número de espécies invasoras existentes em todos os continentes nunca esteve tão alto — cerca de 40% desses grupos descobertos nos últimos 200 anos foram descobertos depois de 1970.
De acordo com um estudo publicado na Nature Communications em 2017, as espécies invasivas são rotineiramente introduzidas a um novo habitat como um gênero de animal de estimação exótico, uma adição exclusiva para o jardim de uma pessoa privilegiada ou são contrabandeados por meio de barcos.
O comércio global transporta regularmente espécies para novos lugares ao redor do mundo, inadvertida ou deliberadamente. Um trabalho de 2009, compartilhado pelo Journal of Applied Ecology, sugere que o recente aumento nas invasões foi impulsionado pela globalização, crescimento econômico e transporte internacional mais eficiente.
Atualmente, registros históricos mostram que os países com a maior presença de espécies invasivas no mundo são os Estados Unidos, França, Austrália e China.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Para se ter ideia do potencial destrutivo que uma espécie invasora pode trazer para um novo habitat, é essencial analisarmos alguns exemplos que ocorreram ao longo das últimas décadas. Em 2010, cientistas descobriram exemplares de Austropuccinia psidii, uma espécie de fungo nativa da América do Sul, em território australiano.
Como consequência, esse fungo passou a ter controle sobre algumas árvores de eucalipto, arrancando seus galhos de folhas, atrofiando seu crescimento e às vezes matando-as. Esse é um dos exemplos claros de como uma espécie invasiva pode ameaçar espécies nativas — nesse caso, com risco de morte.
Em outros casos, os invasores oferecem preocupações indiretas. Por exemplo, peixes chamados carpa cabeça-dura (Hypophthalmichthys nobilis) foram transportados da China para os Estados Unidos em 1973 e agora nadam ao redor da bacia hidrográfica do rio Mississippi, adotando o plâncton como base da sua dieta.
O plâncton é a base da cadeia alimentar da maioria das espécies existentes na região, ou seja, quando as carpas usufruem dessa fonte de alimento, automaticamente uma escassez de recursos é causada para os peixes pequenos nativos. Quando esses peixes morrem de fome e desaparecem, o mesmo ocorre com peixes maiores que se alimentavam deles. Em pouco tempo, todo o ecossistema é dilacerado.
(Fonte: Pixabay)
Quando uma espécie invasiva chega a um novo território, ela passa a caçar outros seres vivos locais ou dividir nutrientes com as criaturas nativas. Em alguns casos, isso pode custar muito dinheiro para os produtores locais. Desde 1970, estima-se que seres vivos invasores tenham custado cerca de US$ 28 bilhões para os cofres globais.
Como resposta, autoridades tendem a buscar formas de mitigar os efeitos dessas espécies ou simplesmente erradicá-las. As espécies invasoras podem prejudicar outras espécies em seu novo ambiente, mas isso não significa necessariamente que o farão.
Existem casos em que os invasores simplesmente não conseguem se adaptar ao novo ecossistema, isto é, algumas populações invasivas crescerão abundantes, enquanto outras permanecerão pequenas e irrelevantes. De qualquer forma, cabe às forças governamentais encontrarem soluções para que não ocorram graves desequilíbrios na natureza.
(Fonte: Pixabay)
Apesar de o avanço do comércio exterior ser visto como um dos principais pontos de chegada para espécies invasoras, vale ressaltar que existem outras maneiras de seres vivos não pertencentes a uma região invadirem um ecossistema. Na visão de alguns ecologistas, esse é um fenômeno que sempre ameaçou a natureza.
Alguns ecossistemas são transformados permanentemente por mudanças climáticas, desmatamento, uso do solo para práticas econômicas e urbanização. Sendo assim, isso abre espaço para que outros seres vivos circulem por áreas onde eles normalmente não frequentavam no passado.
Em vez de julgar uma espécie unicamente com base em sua origem, alguns autores defendem que os conservacionistas precisam focar no papel dessas espécies em seu novo habitat, seja ele positivo ou negativo. Dessa forma, apenas os "invasores" maléficos deveriam realmente ser levados em consideração.
Por fim, a melhor época para erradicar uma espécie invasiva é em seus primeiros meses no novo espaço, quando foi vista apenas uma ou duas vezes. Depois de ter se reproduzido e ganhado números abundantes, as estratégias de controle serão muito menos eficazes.