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03/11/2021 às 11:00•2 min de leitura
Pesquisadores da Universidade de Winnipeg, no Canadá, encontraram registros do que pode ser um ancestral direto da humanidade moderna. Batizada de Homo bodoensis, a espécie que viveu há mais de meio milhão de anos na África pode indicar contornos inéditos na história da migração das antigas linhagens, reeditando textos documentais sobre as origens dos neandertais e de seus primos distantes, os denisovanos.
O estudo teve como base a análise de inúmeros fósseis humanos datados de 774 mil a 129 mil anos atrás, período popularmente conhecido como Pleistoceno Médio. Durante as pesquisas, os cientistas debateram calorosamente sobre as diferenças esqueléticas entre os humanos modernos e os neandertais, sugerindo que os indivíduos não devem ser considerados uma única espécie em detrimento da geração de descendentes férteis após cruzamentos entre ambos.
A descoberta, além de indicar que a história sobre a origem humana em berço africano pode ter sido mal interpretada, apontou que espécimes dos grupos Homo heidelbergensis e Homo rhodesiensis, residentes ancestrais dos territórios da África e Eurásia, têm múltiplas definições em suas categorias, com vários fósseis revelando características faciais que diferem umas das outras. Com isso, os pesquisadores propuseram uma nova adaptação em especial para o H. rhodesiensis, acusando de ser uma nomenclatura inconclusiva que nunca foi amplamente aceita pela comunidade.
(Fonte: Ettore Mazza — Deviant Art/Reprodução)
Foi então que, para homenagear um crânio de 600 mil anos identificado na região de Bodo D'ar, Etiópia, em 1976, os paleontólogos passaram a considerar a existência de uma nova espécie. Classificado como Homo bodoensis, o grupo, que abrangeria indivíduos heidelbergensis e rhodesiensis, seria uma ramificação alternativa à árvore genealógica naturalmente convencionada para neandertais e para seus misteriosos primos, os denisovanos, que habitaram a Sibéria e o Tibet entre o Paleolítico Médio e o Paleolítico Superior, a cerca de 200 mil anos atrás.
Até o momento, a nomenclatura do H. bodoensis surge apenas como uma sugestão para unir registros fósseis com propriedades semelhantes, e não como um título oficial para uma nova espécie confirmada pela ciência. Porém, os pesquisadores seguem otimistas com a utilização recorrente da classificação, afirmando que, com o tempo e uso adequado, a espécie pode ter sua sobrevivência garantida no meio acadêmico.
"Dar um novo nome a uma espécie é sempre controverso. No entanto, se as pessoas começarem a usá-lo, ele sobreviverá e viverá", disse Mirjana Roksandic, coautora do estudo. "Não pretendemos reescrever a evolução humana." Em vez disso, os pesquisadores procuram organizar a variação observada em humanos antigos e encontrar registros na Europa do Pleistoceno Médio "de uma forma que possibilite discutir de onde vem e o que representa", explicou ela. "Essas diferenças podem nos ajudar a entender o movimento e a interação."