No século XVII, John Wilkins tentou chegar à Lua para fazer um acordo

21/12/2021 às 12:102 min de leitura

Os extraterrestres e a Lua parecem assuntos que pertencem apenas ao século XX, quando ocorreu a notória Corrida Espacial travada entre os Estados Unidos e a União Soviética, e por centenas de casos de avistamentos de OVNIs por civis e também pessoas ligadas às forças militares — bem como os controversos contatos imediatos. Mas isso não é bem verdade, porque, aparentemente, desde o século XVII as pessoas já eram obcecadas por esses dois temas.

Uma dessas pessoas foi um ilustre acadêmico e clérigo anglicano chamado John Wilkins, membro fundador da Royal Society, a sociedade científica nacional mais antiga do mundo, na Grã-Bretanha. Ele era casado com Robina, irmã do militar e líder político Oliver Cromwell, considerado uma das figuras mais controversas da História do país.

Wilkins era o mais erudito o possível para época, tendo frequentado Oxford e Cambridge, feito campanha para unir o avanço científico e a religião, e ele tinha a vontade de voar até à Lua para se encontrar e negociar com extraterrestres.

A ambição

John Wilkins. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)John Wilkins. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)

Parece irrisório, mas o homem também acreditava que o satélite natural e os planetas ao seu redor eram habitados, e tinha certeza de que poderia construir uma máquina voadora para alcançá-los. Quando chegasse à Lua, seu objetivo era estabelecer uma troca com os habitantes e proporcionar uma contribuição próspera para a Grã-Bretanha, praticamente um ufanismo político.

Apesar de tudo, é impossível culpar Wilkins por sua ambição, visto que ele estava no centro de um dos períodos de maiores descobertas científicas da História, em que o conhecimento sobre a humanidade e o espaço geraram teorias revolucionárias. O homem apenas acabou consumido por isso tudo.

(Fonte: Altas Obscura/Reprodução)(Fonte: Altas Obscura/Reprodução)

Prova disso é que ele escreveu extensivamente sobre essas teorias em seus livros The Discovery of a World in the Moone (1638) e A Discourse Converning A New Planet (1640). Mas se queria chegar à Lua e a outros planetas, como Wilkins faria para percorrer os 120 quilômetros que nos separa do espaço sideral, sabendo lidar com todos os tipos de pressão, gravidade, oxigênio e outros aspectos que envolvem a saída da Terra?

Para ele, a resposta era simples: seria necessário apenas uma máquina que voasse e um anjo.

A máquina revolucionária

(Fonte: Edward Worth Library/Reprodução)(Fonte: Edward Worth Library/Reprodução)

Wilkins acreditava que anjos bons e maus habitavam o vasto espaço entre os planetas, e que tinham a técnica adequada para respirar o tipo de ar que havia no espaço. Ele sabia que o voo espacial estava em uma das capacidades da humanidade, e que seria necessário apenas a ajuda de uma máquina voadora pilotada por um anjo, usando um veículo para se libertar da gravidade e pousar na superfície lunar.

Com o cientista e filósofo Robert Hooke, Wilkins trabalhou exaustivamente em vários planos e protótipos de máquinas voadoras — mas claro que nenhuma delas conseguiu sair um centímetro do chão, quanto mais chegar à Lua.

Wilkins só chegou à conclusão de que viagens espaciais não seriam possíveis naquele século quando o trabalho de Hooke e Robert Boyle demonstrasse que o espaço era um vácuo, reforçados pelo conhecimento e compreensão da força da gravidade.

Ainda que todo o pensamento fosse absurdo, as ideias de Wilkins, bem como a de tantos outros, trilharam o caminho para o que o mundo veria no século XX.

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