Saúde/bem-estar
21/03/2022 às 04:00•2 min de leitura
A explosão estelar conhecida como supernova foi observada por cientistas pela primeira vez em tempo real. Durante 130 dias, uma equipe de astrônomos assistiu todo o processo de colapso da estrela massiva SN 2020tlf, localizada a 120 milhões de anos-luz da Terra. Tal espetáculo se mostrou mais intenso e luminoso do que o esperado, pois acreditava-se que uma supergigante vermelha prestes a se desintegrar não apresentaria grandes emissões de energia em sua superfície.
A descoberta foi feita a partir de um conjunto de telescópios presentes em dois observatórios no Havaí, o W. M. Keck e o Haleakala. “[O estudo representa] um avanço em nossa compreensão do que as estrelas massivas fazem momentos antes de morrerem. Pela primeira vez, vimos uma estrela supergigante vermelha explodir”, comentou Wynn Jacobson-Galán, pesquisador da Universidade da Califórnia e líder do artigo publicado na revista The Astrophysical Journal.
Assim como o nosso Sol, uma estrela massiva precisa de energia para sustentar seu peso e se manter no espaço. Para isso, ela tem como “combustível” fusões nucleares que geram o equilíbrio necessário e, com o esgotamento natural dessa fonte, seu núcleo sofre reações descontroladas que levam a uma explosão estelar poderosa e luminosa — evento chamado de supernova.
A SN 2020tlf foi identificada em 2020, quando sua estrela emitiu uma radiação que mais tarde foi interpretada como explosão de bolhas de gás na superfície. Até então, esse estágio final só havia sido constatado por cientistas após o colapso de supergigantes vermelhas, com análise das consequentes emissões cósmicas. A equipe concluiu que essas estrelas sofrem mudanças significativas em suas estruturas internas e resultam em explosões caóticas de gás nos últimos momentos de sua existência.
Explosão da supernova 2020tlf
“Estou animado com todos os novos ‘desconhecidos’ que foram desbloqueados pela descoberta. Detectar mais eventos como o SN 2020tlf terá um impacto dramático na forma como definimos os meses finais da evolução estelar, e isso deve unir teóricos na busca de resolver o mistério de como elas passam os momentos finais de suas vidas”, destacou Jacobson-Galán.
A observação de uma supernova é importante para entender como os elementos químicos forjados dentro das estrelas, pela fusão nuclear, se dispersam pelas galáxias — podendo levar a descobertas de forças e partículas fundamentais da natureza. Com esse propósito, a comunidade científica busca esforços para desenvolver novos métodos para detectar uma supernova o quanto antes.
Masayuki Nakahata, físico da Universidade de Tóquio, elaborou um experimento baseado na quantidade de neutrinos de uma supernova. Neutrinos são partículas subatômicas que interagem com outras por meio da gravidade e da força nuclear de uma estrela, agente que o trabalho de Nakahata busca reconhecer em estrelas decadentes para emitir um alerta a telescópios ao redor do mundo e captar a primeira luz de uma supernova.